Na primeira viagem como presidente eleito, Lula fez em três dias o que o governo Bolsonaro não conseguiu em quatro anos

Em seus discursos na COP27, Lula deu garantias em relação à preservação do Meio Ambiente e às políticas voltados para o clima e defesa da Amazônia; além disso, conversou com líderes das maiores potências econômicas mundiais

Por Djalma Batista - editor e repórter em 21/11/2022 às 07:20:10
Lula com John Kerry, representante dos Estados Unidos na COP27 no Egito, quando estabeleceram relações bilaterais que estavam paralisadas

Lula com John Kerry, representante dos Estados Unidos na COP27 no Egito, quando estabeleceram relações bilaterais que estavam paralisadas

Na primeira viagem feita, nesta semana, ao Egito para participar da COP27, da ONU, como presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva fez, em três dias, o que o governo Bolsonaro não conseguiu fazer em quatro anos. Articulador nato e admirado por chefes de Estado, Lula colocou o Brasil de volta ao mundo, estabelecendo relações importantes com as maiores potências econômicas mundiais. Foi aplaudido, ouvido e cortejado por onde passava.

No Egito, Lula se reunir com John Kerry, dos EUA, e Xie Zhenhua, da China, que representam seus países, as duas maiores economias do mundo. Esteve com o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, com o primeiro-ministro de Portugal, António Costa, com os presidentes de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, e de Moçambique, Filipe Nyusi. Com a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock. Com o ministro do Clima e Meio Ambiente da Noruega, Espen Barth Eide. E com Teresa Ribera, ministra para a Transição Ecológica da Espanha, que também participa da COP27.

Lula com o representante da China na COP27; uma conversa que não podia faltar, tendo em vista que os chineses têm grandes negócios com empresas brasileiras. Está claro que o Brasil, para crescer, gerar empregos e riquezas, precisa atrair investimentos de vários países; além do mais precisa levar o potencial brasileiro para o mundo. (Fotos: reprodução de rede social @lulaoficial)

Com a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, e com o ministro do Clima e Meio Ambiente da Noruega, Espen Barth Eide, Lula tratou sobre o fundo internacional para a Amazônia que teve a liberação suspensa pelo fato do governo Bolsonaro não ter cumprido aspectos importantes do acordo firmado sobre preservação e combate ao desmatamento ilegal.

O presidente eleito sinalizou que vai cumprir o que foi acordado e quer agilizar a liberação de mais de R$ 2 bilhões do fundo que estão congelados. Também anunciou que vai criar o Ministério dos Povos Indígenas para ampliar ainda mais as políticas de combate ao desmatamento da Amazônia e ampliar as ações favoráveis ao clima.

Lula e o secretário-geral da ONU, instituição que lidera a organização da COP27

Lula com a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock

Lula com o ministro do Clima e Meio Ambiente da Noruega, Espen Barth Eide

Lula com Teresa Ribera, ministra para a Transição Ecológica da Espanha

A agenda de Lula em Portugal foi uma das mais extensas. Nesta sexta-feira, 18, ele se encontrou, em Lisboa, com o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, e com o primeiro-ministro do país, António Costa. Depois do encontro privado, Lula e Costa falaram à imprensa.

Lula assegurou que seu governo retomará o diálogo com todos os países. "Fazia quatro anos que o Brasil estava totalmente isolado no mundo. Nenhum país que sofreu bloqueio nesses últimos 30 anos teve o isolamento que o Brasil teve por culpa do próprio governo brasileiro. Não foi o mundo que isolou o Brasil, foi o Brasil que se isolou", afirmou.

Em Portugal, neste sábado, 19, Lula teve encontro com a Comunidade Brasileira e Instituto Universitário de Lisboa, onde falou sobre a situação difícil de grande parcela do povo brasileiro que perdeu importantes políticas públicas no Governo Bolsonaro e voltou a figurar no mapa da fome. Foi muito aplaudido. Teve um momento em que a plateia pediu para ele falar sobre o churrasquinho que os brasileiros vão voltar a comer com uma cervejinha gelada, uma fala feita durante a campanha que viralizou em todo o mundo e virou som popular de redes sociais, como Instagram e TikTok.

Lula com o primeiro-ministro de Portugal António Costa, o qual junto com sua esposa fez recepção para o presidente eleito do Brasil

Lula com o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, e com o presidente de Moçambique, Filipe Nyusi

Na COP27, Lula também pediu mudanças na governança global, incluindo uma reforma no Conselho de Segurança da ONU, para torná-lo mais representativo, na visão do presidente eleito.

"Eu tenho defendido que precisamos de uma governança global mais representativa. Sobretudo na questão climática, a gente não pode tomar uma decisão e depois levá-la para que o Estado nacional decida se vai cumpri-la ou não cumpri-la. Temos exemplo do Protocolo de Kyoto, que foi assinado há tempo tempo atrás, até hoje não foi cumprido por muitos países.

A ONU de hoje não pode continuar sendo a ONU de 1948. O mundo mudou, a geopolítica mudou, as pessoas mudaram, a cultura mudou e, portanto, o Conselho de Segurança da ONU precisa mudar. Precisa ter mais gente representando todos os continentes e acabar com a ideia de que os países possam ter direito de veto", enfatizou.

Sobre os compromissos ambientais do novo governo, Lula destacou o combate ao garimpo ilegal e às invasões ilegais de reservas, com preservação das terras indígenas e unidades de conservação. "Vamos cuidar da questão climática, cuidar da Amazônia como patrimônio da humanidade", garantiu, mencionando da sugestão para que o Brasil realize a COP30, em 2025, na Região Amazônica.

Responsabilidade fiscal

Questionado por jornalistas sobre as contas públicas do novo governo, após oscilações no mercado financeiro por conta de medidas anunciadas pela equipe de transição - como a proposta para excluir o Bolsa Família da regra do teto de gastos - Lula enumerou feitos de seus dois mandatos anteriores (2003-2010) e disse que tem compromisso com os brasileiros, especialmente os mais pobres.

"Ao terminar o meu governo, a inflação estava 4,5%, a nossa dívida tinha caído de 60,5% para 37,7%, o Brasil tinha pago sua dívida com o FMI [o Fundo Monetário Internacional] e emprestado US$ 15 bilhões para o FMI. E o Brasil tinha feito uma reserva de US$ 370 bilhões, que é o que sustenta o Brasil até hoje. Ninguém tem autoridade pra falar em política fiscal comigo, porque durante todo o meu período de governo, eu fui único país do G20 que fiz superávit primário", sentenciou.

"Vou cuidar desse povo como ninguém jamais cuidou, vou voltar a fazer ele sorrir, aumentar salário mínimo todo ano e gerar emprego nesse país. Vamos voltar a ser responsáveis do ponto de vista fiscal sem precisar atender tudo o que o sistema financeiro quer. Eu fui eleito para cuidar de 215 milhões de brasileiros, sobretudo das pessoas mais necessitadas", acrescentou.

Após o giro internacional, o presidente eleito deve retomar a agenda da transição de governo na semana que vem, no Brasil, quando começa a analisar nomes para compor sua equipe ministerial.

Com informações da Agência Brasil

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