No 1º semestre deste ano, desmatamento na Amazônia é o maior desde 2016

O bioma perdeu 3.988 km² entre janeiro e junho, batendo o recorde de devastação pelo 4º ano consecutivo no período

Por Portal O Piauí em 01/08/2022 às 10:53:43

Por WWF-Brasil

A Amazônia teve 3.988 km² desmatados nos seis primeiros meses de 2022, de acordo com o sistema Deter, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). O valor é o maior já registrado para esse período desde o início da série histórica em 2016 - praticamente o triplo do valor registrado em 2017 (1.332 km²).

É o quarto ano consecutivo com recordes de desmatamento no período. O aumento em comparação aos primeiros seis meses de 2021 foi de 5%. No primeiro semestre de 2022, o municipio de Formosa do Rio Preto (BA) foi o campeão de alertas de desmatamento com 261 km².

O mês de junho também teve a pior marca da série historica. Foram devastados 1.120 km2 no mês na Amazônia, 10,1% a mais que em junho de 2021 (1.061 km²). Os Estados mais desmatados em junho de 2022 foram o Amazonas (401 km²) e o Pará (381 km²).

"O desmatamento da Amazônia no primeiro semestre de 2022 foi alarmante e coloca o bioma cada vez mais perto do ponto a partir do qual a floresta não conseguirá mais se sustentar, nem prover os serviços ambientais dos quais nosso país depende. Perdemos 3.988 Km² na Amazônia Legal em apenas seis meses, confirmando a tendência de intensificação do desmate dos últimos três anos", diz Mariana Napolitano, gerente de Ciência do WWF-Brasil.

No Cerrado, foram desmatados 1.026 km² só no mês de junho. O valor é mais que o dobro do registrado em 2021 (485 km²) e 2020 (427 km²), um aumento de 111,5% em comparação a junho do ano passado. Em junho de 2022, mais uma vez, os Estados mais devastados estão no Matopiba: Maranhão (400 km²) e Tocantins (193 km²).



No acumulado do ano, entre o início de janeiro e o fim de junho, foram devastados 3.638 km² no Cerrado, o que representa um aumento de 44,5% em comparação aos seis primeiros meses de 2021, quando foram detruídos 2.518 km².

"Quando perdemos floresta, colocamos em risco nosso futuro. A Amazônia é chave para a regulação das chuvas das quais dependem nossa agricultura, nosso abastecimento de água potável e a disponibilidade de hidroeletricidade. O roubo de terras públicas e o garimpo ilegal, que não geram riqueza ou qualidade de vida, está destruindo nosso futuro", analisa Napolitano.

Sobre o WWF-Brasil

O WWF-Brasil é uma ONG brasileira que há 25 anos atua coletivamente com parceiros da sociedade civil, academia, governos e empresas em todo país para combater a degradação socioambiental e defender a vida das pessoas e da natureza. Estamos conectados numa rede interdependente que busca soluções urgentes para a emergência climática. Site: wwf.org.br/doe


Número de queimadas aumenta no Cerrado e na Amazônia na primeira metade de 2022

Nos seis primeiros meses de 2022, o número de queimadas aumentou 13% no Cerrado e 17% na Amazônia, em comparação ao mesmo periodo no ano passado, de acordo com o Programa Queimadas, do Instituto Nacioinal de Pesquisas Espaciais (INPE). O desmatamento também apresenta tendência de alta recorde nos dois biomas.

No Cerrado, foram detectados 10.869 focos de queimadas entre o início de janeiro e o fim de junho, um aumento de 13% em comparação ao mesmo período de 2021, quando foram registrados 9.568 focos. É o maior número para o período desde 2010.

Os valores registrados em junho de 2022 permaneceram estáveis em relação aos de 2021. Entre 1 e 30 de junho de 2022, foram detectados 4.239 focos no Cerrado, contra 4.181 no ano passado - um aumento de 1,4%.

Na Amazônia, o número acumulado de queimadas nos seis primeiros meses do ano foi de 7.533 - um aumento de 17% em comparação ao mesmo período em 2021, quando foram detectados 6.387 focos de queimadas. Em junho de 2022, foram registrados 2.562 focos, contra 2.305 em 2021 - um aumento de 11%.

Desmatamento

Os dados do DETER/INPE para desmatamento foram atualizados até o dia 24 de junho. Mas, mesmo faltando uma semana para fechar o mês, o Cerrado teve em 2022 o pior mês de junho já regsitrado desde o início do monitoramento no bioma. Foram desmatados 752 km2. A área sob alerta de desmatamento em junho de 2022 aumentou 55% em comparação a junho do ano passado.

No acumulado do início do ano até o dia 24 de junho, o Cerrado também teve o pior início de ano desde o lançamento do DETER no bioma. Foram desmatados 3.364 km2 desde o início de 2022 - um aumento de 34% em relação ao mesmo periodo em 2021.

Na Amazônia, o mês de junho apresenta uma redução de 17% no número de alertas de desmatamento, em comparação com junho de 2021. No acumulado de alertas desde o início do ano, porém, a Amazônia teve o pior início de ano desde o lançamento do DETER: 3.750 km2, um aumento de 4% em relação ao mesmo período no em 2021.

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