Raridades de fósseis do Piauí serão indutores do turismo e das pesquisas científicas

Em Nazária, foram encontrados fósseis que colocam o Piauí numa posição de destaque no universo da paleontologia. Dentre os achados estão o Peixe de Fogo, já extinto, e o fóssil de um réptil e vários anfíbios extintos.

Por Portal O Piauí em 19/10/2023 às 14:09:00
A Grande Teresina tem um potencial muito grande para achados paleontológicos, alguns deles únicos no mundo, disse o professor Juan Cisneros, da Universidade Federal do Piauí

A Grande Teresina tem um potencial muito grande para achados paleontológicos, alguns deles únicos no mundo, disse o professor Juan Cisneros, da Universidade Federal do Piauí

A Assembleia Legislativa do Piauí aprovou, nesta terça-feira (17), o Projeto de Lei de criação da Rota Turística da Paleontologia na Região da Grande Teresina que visa a valorização dos achados fósseis como indutores do turismo, ampliação das pesquisas científicas e fortalecimento das diversas cadeias produtivas.

Para o deputado Fábio Novo (PT), autor do Projeto de Lei, Teresina e outros municípios da região são destaques com importantes achados fósseis que vão trazer grandes benefícios para as pesquisas científicas, para o turismo, cultura, economia e para a educação ambiental. A rota vai ajudar na criação de museus e de parques ambientais, facilitando o acesso dos turistas e estudiosos às informações relacionadas aos sítios.

"O nosso projeto, que foi aprovado e segue agora para a sanção do governador, visa transformar Teresina em porta de entrada para este tipo de atrativo turístico, gerando trabalho e renda e estimulando a evolução nas pesquisas sobre fósseis. Nesta região foram encontrados fósseis por pesquisadores da Universidade Federal do Piauí que são mais antigos que os dinossauros", disse Fábio Novo.

O deputado estadual Fábio Novo fala sobre o seu novo projeto de lei, o da Rota Turística da Paleontologia, que coloca Teresina em posição de destaque no cenário das novas pesquisas sobre fósseis na capital e na região da Grande Teresina.

Nesta rota que inclui Teresina, Altos, Nazária, Monsenhor Gil, Demerval Lobão, União e José de Freitas há sítios paleontológicos de elevado valor científico, social, histórico, cultural e educacional, comprovado por paleontólogos da Universidade Federal do Piauí (UFPI), dentre eles, os professores Juan Cisneros e Willian Matsumura.

Com a rota, Fábio Novo avalia que haverá uma melhoria na economia dos munícipios, além do fomento do trabalho e renda, valorização do potencial turístico na área da paleontologia, fortalecimento da ciência e das pesquisas sobre fósseis. Com a movimentação turística, a tendência é haver um estímulo às diversas cadeias produtivas, especialmente da gastronomia, da agricultura familiar e do artesanato.

Segundo o professor e paleontólogo da Universidade Federal do Piauí, Juan Cisneros, todas as descobertas relacionadas a fósseis nesta região abrangida pela Rota Turística da Paleontologia do Piauí são mais antigas que os dinossauros e possuem um grande valor do ponto de vista científico, cultural, educacional e turístico.

"A Grande Teresina tem um potencial muito grande para achados paleontológicos, alguns deles únicos no mundo, e que com o avanço das pesquisas e com investimentos em divulgação e conservação do seu patrimônio esta região tem chances de ser tão valorizada quanto a da Serra da Capivara pelos turistas e estudiosos de todo o mundo", afirma o professor Juan Cisneros.


O professor e paleontólogo Juan Cisneros, da Universidade Federal do Piauí, que estuda uma nova floresta fóssil na Zona Rural de Teresina que é muito rica em árvores fossilizadas que ainda estão na posição vertical. O grande destaque desta floresta fóssil são as árvores gigantes com os troncos ainda firmes. É uma raridade, o que desperta a atenção dos pesquisadores desta área.

"Os sítios paleontológicos encontrados na região têm uma importante riqueza de materiais fósseis, como árvores e animais petrificados, que foram encontrados em terra-firme, sendo que Teresina é o destaque nacional por ser a única capital brasileira detentora de uma floresta fóssil em plena área urbana e ainda com a ocorrência de ramificações sítios em localidades da Zona Rural", explicou Juan Cisneros.

Os fósseis encontrados no município de José de Freitas, representados principalmente por invertebrados marinhos, reforçam a tese de que houve uma mudança no curso do mar há milhões de anos. Os achados apontam, por exemplo, que o município era coberto pelo mar que vinha da região amazônica em uma extensa bacia sedimentar.

Os estudos apontam que o oceano de Pantalassa banhava o Brasil pela Amazônia, chegando aos estados do Piauí e Maranhão. Após milhares de anos, esse mar recuou e extinguiu-se. Com a movimentação das placas tectônicas e separação dos continentes Sul-americano e Africano, houve a abertura do Oceano Atlântico e a formação atual da região litorânea do Piauí.

A Reconstrução artística de Piratata rogersmithii, o Peixe de Fogo que viveu na região de Nazária há 280 milhões de anos, por meio de ilustração de Nato Gomes; publicada pela revista CHC - Ciência Hoje das Crianças.

Em Nazária, foram encontrados fósseis que colocam o Piauí numa posição de destaque no universo da paleontologia. Dentre os achados estão o Peixe de Fogo, já extinto, e o fóssil de um réptil e vários anfíbios extintos. O réptil foi identificado como uma nova espécie para a ciência e recebeu o nome de Karutia Fortunata. Uma espécie nova de anfíbio também foi descoberta, e recebeu o nome de Procuhy nazariensis que significa, em língua Timbira, "Anfíbio de Fogo de Nazária".

O Peixe de Fogo, com cerca de um metro e pesando 30 quilos, viveu há 280 milhões de anos (período permiano). Quando este peixe viveu, o nordeste e o Piauí eram muito diferentes do que são hoje. O peixe, batizado como Piratata, é conhecido até hoje unicamente por suas escamas com várias ocorrências na bacia sedimentar do Parnaíba.

Também em Nazária foram achados fósseis do maior anfíbio do mundo. Este anfíbio media aproximadamente 6 metros de comprimento. Esta espécie foi originalmente descoberta no Maranhão nos anos 1940, mas ossos maiores e mais completos foram encontrados nos últimos anos em Nazária. Estes animais foram descobertos numa camada de rochas conhecidas como Pedra de Fogo.

No município de Altos, próximo à Floresta Nacional de Palmares, existem concentrações de troncos gimnospérmicos de grandes dimensões, alguns chegando a 1,80 m de diâmetro, com o registro de tronco petrificado de maior diâmetro encontrado no Brasil.

Até o momento foram mapeados mais de 60 troncos petrificados neste sítio e tudo indica que se trata de uma floresta petrificada tão grande como a que aflora dentro da cidade de Teresina, e que nessa época pretérita, teria sido parte do mesmo bioma.

Da mesma forma, em União, na Grande Teresina, também foram registrados novas ocorrências de troncos fossilizados em várias regiões do município.

Em Teresina, há a ocorrência fossilífera bastante relevante, que é a do Parque Floresta Fóssil do Rio Poti. A presença de troncos fósseis em Teresina foi, primeiramente, notada em 1914. Os troncos inserem-se no pacote rochoso denominado Formação Pedra de Fogo.

A principal característica do sítio é que alguns troncos se apresentam em posição de vida (vertical), ou seja, não foram carregados para a área analisada, nasceram e viveram no local exato de fossilização, um aspecto importantíssimo para os estudos científicos.

A Floresta Fóssil do Rio Poti é também o único sítio paleontológico localizado dentro de uma capital, sendo comparável, pelo seu contexto urbano, ao sítio paleontológico de Rancho La Brea, no centro de Los Angeles, nos Estados Unidos.

Este tronco imenso é um dos importantes achados fósseis da nova floresta fóssil encontrada na zona rural de Teresina. Para o professor Juan Cisneros, a região de Teresina tem achados únicos no mundo, o que destaca a nossa capital e vários municípios, dentre eles, Nazária, onde foram encontrados os fósseis de um anfíbio e vestígios do Peixe de Fogo já extinto.

O Parque Municipal da Floresta Fóssil do Rio Poti constitui um acervo paleontológico raro que guarda informações importantes e que representam fontes de pesquisas para estudiosos por fornecer dados como a paisagem e o clima que foi modificado ao longo do tempo no Piauí.

Há indícios de fósseis de grande importância nos municípios de União, Demerval Lobão e Monsenhor Gil, sendo eles atualmente objeto de pesquisas pela Universidade Federal do Piauí (UFPI).

O estudo dos fósseis é um caminho importante para a compreensão da evolução da vida na terra e da nossa própria história. Graças aos fósseis, a ciência pode explicar muitos fatores que definem a vida no Estado do Piauí e em outras regiões do planeta.

A Rota Turística da Paleontologia da Grande Teresina, além de servir de atrativo para turistas interessados em paleontologia e arqueologia do Brasil e de vários países, vai impulsionar a economia dos munícipios por meio do turismo e das pesquisas científicas. A rota vai fortalecer o conhecimento e a apreciação local pelos fósseis, assim como o sentimento de identidade e orgulho pelo patrimônio local.

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