Caso de trabalho escravo expõe fragilidades do mercado de créditos de carbono

O resgate de 16 pessoas em condições análogas à escravidão em uma fazenda onde eram gerados de créditos de carbono, no Pará, expôs mais uma vez as fragilidades deste mercado, que avança a passos largos no Brasil – sobretudo na Amazônia.

Por Portal O Piauí em 22/02/2024 às 08:13:20
Foto: Reprodução internet

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A derrubada de 477 hectares de floresta amazônica estava autorizada pelos órgãos ambientais e fazia parte de plano da proprietária, a Sipasa Seringa Industrial do Pará S/A, de produzir gado na área, segundo documentos da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará.

Os trabalhadores resgatados não tinham carteira assinada e dormiam em um alojamento precário, de acordo com o relatório de fiscalização.

O Projeto Maísa era certificado pela Verra, a principal empresa de certificação de créditos de carbono do mundo, e detinha selos que agregaram ainda mais valor aos créditos ali gerados. O projeto também passou por auditorias de empresas independentes.

"A Verra tem responsabilidade porque registrou o projeto e emitiu créditos de carbono. Quem comprou lá na ponta também", avalia Shigueo Watanabe Júnior, do Instituto Talanoa e membro do comitê técnico da Gold Standard Foundation, empresa de certificação de créditos de carbono, assim como a Verra.

“Se você certificou um projeto e permitiu que ele gerasse receita emitindo créditos de carbono, mesmo que você não estivesse ciente dos abusos de direitos humanos, você está implicado”, corrobora Luciana Téllez Chávez, pesquisadora do programa de Meio Ambiente e Direitos Humanos da Human Rights Watch.

A certificadora informou à Repórter Brasil que vai "investigar e agir com relação a essas alegações muito graves", mas confirmou que estava "inativando publicamente e de imediato o projeto". Leia o posicionamento na íntegra aqui. Foram enviados questionamentos para o advogado de Márcio Pinto Lisboa Pinheiro, dono da Sipasa Seringa Industrial do Pará S/A, mas não houve retorno até o fechamento desta reportagem.

Desmatamento recente detectado

A Verra também informou em sua nota que o Projeto Maísa REDD+ já "estava a caminho da inativação formal" há mais tempo, mas que as revelações a respeito do caso de trabalho escravo levaram a certificadora a "agir imediatamente".

Pelo menos desde fevereiro de 2022 havia motivos de alerta sobre a integridade do Maísa REDD+. Naquele ano, os satelites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais detectaram um desmatamento dentro da área em Moju (PA), caso revelad

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