Caso Miguel: conceito de racismo estrutural motiva decisão histórica do TST

Uma decisão histórica por se basear no conceito de “racismo estrutural”.

Por Portal O Piauí em 04/07/2023 às 06:29:27

Racismo estrutural

Entre a abolição da escravatura, em 1888, e a aprovação da PEC das Domésticas, emenda constitucional de 2013 que estendeu direitos trabalhistas à categoria, essas trabalhadoras foram privadas da proteção básica do Estado. Segundo Balazeiro, isso seria uma das consequências do racismo estrutural sobre as domésticas.

“Foi importante a declaração do racismo estrutural" no julgamento, assim como destacar as consequências disso nas relações sociais brasileiras, avalia o juiz Marcus Barberino, diretor de formação e cultura da Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho (Anamatra).

Segundo Barberino, o casal de empregadores se aproveitou do “status histórico” das famílias brancas, que tradicionalmente têm acesso a ocupações de maior prestígio. “Isso resultou em uma situação em que o custo do trabalho não foi suportado pelos empregadores, mas sim pela sociedade, devido à sua posição socialmente superior”, acrescenta o juiz.

No entanto, ele acredita que o valor da indenização é baixo. “Isso significa que a punição não estabelece, de forma efetiva, a obrigação de respeitar a lei nas relações sociais”, conclui.

“A maioria das mulheres que trabalham no serviço doméstico são negras. E as pessoas que estão no poder, contratando, são brancas. Há um pacto da branquitude para que a gente não tenha autoconhecimento e possam usufruir do nosso trabalho de forma até ilegal", diz Santana, em entrevista à Repórter Brasil.

Processo criminal

Na esfera criminal, o caso do menino Miguel ainda não teve um desfecho.

No ano passado, Sari Corte Real foi condenada a oito anos e seis meses de reclusão por abandono de incapaz com resultado morte no caso de Miguel. Na época do crime, ela foi presa em flagrante por homicídio culposo (quando não há intenção de matar), mas acabou liberada após pagamento de fiança de R$ 20 mil.

A ex-primeira dama permanece em liberdade enquanto aguarda a apreciação dos recursos de seu processo pelas instâncias superiores. Recentemente, Sari foi aprovada no vestibular de medicina de uma faculdade particular em Jaboatão dos Guararapes (PE).

A reportagem entrou em contato com a defesa do ex-prefeito e da ex-primeira dama por e-mail, mensagem e ligação, mas não recebeu retorno.

Comunicar erro
BANNER QUEIMADAS

Comentários