Professor de Arqueologia da UFPI participa, em Brasília, de cerimônia de repatriação de fóssil de dinossauro

O dinossauro viveu há 110 milhões de anos na região do Geoparque do Araripe, entre os estados do Ceará, Pernambuco e Piauí

Por Portal O Piauí em 14/06/2023 às 15:08:29
Juan Cisneros, que é professor da UFPI, foi um dos principais articuladores para que o fóssil de dinossauro fosse repatriado para o Brasil onde o animal viveu há 110 milhões de anos

Juan Cisneros, que é professor da UFPI, foi um dos principais articuladores para que o fóssil de dinossauro fosse repatriado para o Brasil onde o animal viveu há 110 milhões de anos

Na tarde desta segunda-feira (12), o professor do curso de Arqueologia da Universidade Federal do Piauí, Juan Carlos Cisneros, participou da cerimônia de repatriação do fóssil de dinossauro Ubirajara jubatus para o Brasil. A solenidade ocorreu no Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), em Brasília, e contou com a participação da ministra Luciana Santos, autoridades da Alemanha, representantes do governo do Ceará e membros e pesquisadores da Universidade Regional do Cariri.

O fóssil viveu há 110 milhões de anos na região do Geoparque do Araripe, entre os estados do Ceará, Pernambuco e Piauí. Levado para a Alemanha por pesquisadores estrangeiros nos anos 1990, estava no Museu Estadual de História Natural Karlsruhe. No retorno ao Brasil, o fóssil fará parte do acervo do Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, que pertence à URCA, na cidade de Santana do Cariri (CE).

WhatsApp_Image_2023-06-12_at_19.18.22.jpegProfessor e diretor do Museu de Arqueologia e Paleontolgia da UFPI, Juan Carlos Cisneros, durante a cerimônia em Brasília. Ele foi um dos cientistas que mobilizaram a comunidade científica e jurídica pela repatriação do fóssil que foi levado de forma ilegal do Brasil.

Para o professor e doutor em Geociências Juan Carlos, esse é um momento muito especial, que representa o esforço de pesquisadores para a repatriação de fósseis contrabandeados do Brasil. Ele faz um excelente trabalho pelas pesquisas sobre fósseis no Piauí, colocando o Estado em posição de destaque. Segundo ele, o Piauí é único no mundo em termos de achados fósseis que ainda estão sendo analisados, datados em laboratório e estudas pelos cientistas. Inclusive faz referência a importantes descobertas em Nazária, na Grande Teresina.

"Isso é resultado de muito trabalho, estamos há dois anos e meio na tentativa de repatriação desse fóssil que foi contrabandeado décadas atrás. É a primeira vez que recebemos um fóssil repatriado, proveniente da Alemanha, nossos estudos apontam que esse é o país que tem o maior número de fósseis levados ilegalmente do Brasil. Alguns desses fósseis podem ter saído do Piauí, como são materiais contrabandeados ainda não temos certeza, mas existe essa possibilidade", explica o professor Juan, ele acredita que esse é o primeiro de muitos fósseis que serão repatriados.

Segundo Juan, esta segunda-feira foi um dos dias mais satisfatórios da sua vida por ter sido o dia da conclusão de quase três anos de luta contra um museu alemão que comprou um fóssil contrabandeado e se recusava a cooperar com o Brasil. "Tivemos que lidar com indiferença, críticas não-construtivas e até com ataques vindos de dentro e de fora do Brasil. A gente deu a cara e suou pelo que acreditava: lutar contra o colonialismo científico. Logo na reta final, alguns que nada fizeram tentaram aparecer na foto e até mesmo impedir que o fóssil chegasse ao seu destino final. O nosso dino "Ubirajara" será sempre um símbolo contra os colonialistas e os coronéis da ciência", disse Juan Cisneros.

O docente da UFPI foi um dos pesquisadores que liderou um movimento de protesto no meio acadêmico e nas redes sociais, que buscava a devolução do fóssil. O professor pontua que apesar da existência de inúmeros exemplares brasileiros na Alemanha, a expectativa maior é em torno dos fósseis com maior importância científica para o país.

WhatsApp_Image_2023-06-12_at_19.18.42.jpegMinistra Luciana Santos

Em seu discurso, a ministra Luciana Santos ressaltou a importância da repatriação para as pesquisas de paleontólogos brasileiros. "Estamos diante de um momento histórico, temos muito a comemorar. Por meio dessa repatriação ampliamos nossa cooperação científica e tecnológica. Esse fóssil é um material preciso para a ciência e representa patrimônio natural histórico do Brasil", destacou a ministra, que espera que outros países que detém fósseis brasileiros possam seguir o exemplo da Alemanha.

Ubirajara jubatus viveu há 110 milhões de anos na região da Bacia do Araripe, no Ceará. Retirado do Brasil, de forma irregular, foi levado para a Alemanha nos anos 1990, com a justificativa de que seria usado na produção de um artigo científico. De acordo com o estudo, havia permissão para essa retirada do fóssil, contudo investigações apontaram versões diferentes sobre esse processo de transferência, que geraram dúvidas sobre a legalidade dessa retirada. A partir daí os pesquisadores brasileiros passaram a lutar pelo retorno do fóssil ao país. O fóssil retornou ao Brasil e deve ser incorporado ao acervo do Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, em Santana do Cariri.

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