Ministro alega alto custo para dificultar incorporação do remĂ©dio Zolgensma ao SUS

O Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse hoje (25) que, diante das dificuldades orçamentárias, vê no fortalecimento de...

Por Portal O Piauí em 25/10/2022 às 20:48:43

O Ministro da SaĂșde, Marcelo Queiroga, disse hoje (25) que, diante das dificuldades orçamentĂĄrias, vĂȘ no fortalecimento de centros de reabilitação a alternativa para o tratamento de algumas doenças raras. A afirmação foi feita durante sessão da Câmara dos Deputados que debate a incorporação do medicamento Zolgensma – para tratamento para crianças com atrofia muscular espinhal (AME) – no âmbito do Sistema Único de SaĂșde (SUS). Alega alto custo para não incorporar o remédio Zolgensma, para doenças raras, ao SUS.

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A AME é uma doença de origem genética que impede o desenvolvimento adequado dos mĂșsculos. Em sua versão mais grave, costuma causar a morte de pacientes com menos de 2 anos de idade. A situação é complexa porque o Zolgensma é um dos remédios mais caros do mundo. Tratamentos à base do remédio chegam a custar cerca de US$ 2 milhões por paciente.

"É óbvio que o ministro da SaĂșde não pode fazer tudo o que quer, até porque o orçamento pĂșblico é finito. É aquela teoria do cobertor curto. Cobre o pé e descobre a cabeça. Temos de fazer justiça distributiva para promover equidade, conforme dispõe a Constituição Federal", disse o ministro na Comissão de Seguridade Social e FamĂ­lia da Câmara.

Queiroga lembrou que, em 2021, a pasta usou R$ 2,2 bilhões do orçamento com ações judiciais para atender 6,6 mil pessoas. "Isso é quase o custo da FarmĂĄcia Popular no Brasil", disse.

Avaliações

Queiroga afirmou que, ao longo dos anos, "notadamente depois de 2011", o Brasil tem evoluĂ­do na avaliação de tecnologia em saĂșde, e que a questão sobre incorporação ou não do Zolgensma ao SUS "não pode ser algo emocional", mas sim baseada em "critérios técnicos diferenciados" por se tratar de doença rara.

"É impossĂ­vel, no contexto de doença rara, fazermos grandes estudos aleatorizados, tampouco ter como meta anĂĄlises com todos esses estudos para que tenhamos a evidĂȘncia cientĂ­fica construĂ­da, como fazemos com as doenças prevalentes", disse.

IndĂșstria

O ministro chamou atenção para o fato de a indĂșstria farmacĂȘuticas ser um dos setores mais lucrativos do planeta e que, nesse sentido, acabam por fazer do acesso à saĂșde uma "grande oportunidade de negócios".

"Eu, como ministro, tenho de fazer filtros para garantir que as negociações aconteçam no âmbito da sustentabilidade do SUS, e que promovam o custo de oportunidade. Às vezes, a autoridade sanitĂĄria precisa ser dura para garantir que tenhamos a verdadeira ampliação de acesso", argumentou.

Centros especializados

Enquanto não hĂĄ definição sobre a adoção ou não do medicamento pelo SUS, Queiroga diz que o governo tem adotado a estratégia de fortalecer os centros especializados de reabilitação.

"Na minha visão, temos de fortalecer a polĂ­tica nacional de enfrentamento de doenças raras com centros pĂșblicos que cuidam dos pacientes. As indicações de qualquer medicamento tĂȘm de ser conduzidas por médicos do setor pĂșblico, sem prejuĂ­zo de que algum diagnostico possa ser contestado por algum familiar, e que isso recaia para um outro centro pĂșblico de excelĂȘncia, porque sabemos que também hĂĄ a perniciosa relação da indĂșstria farmacĂȘutica com a classe médica. É desarrazoado não se considerar esse aspecto."

"Esses interesses tĂȘm de estar muito transparentes porque, caso contrĂĄrio, não consigo ampliar acesso com benefĂ­cios para a população", disse, ao defender a possibilidade de um acordo de acesso gerenciado.

"Neste caso, quem sabe, se tivermos atendimento adequado com a indĂșstria, isso possa ser uma alternativa. Mas precisamos, em todas situações, avaliar o resultado do tratamento. Se essa medicação é administrada em uma fase inicial, e resulta no efeito desejado, com a recuperação motora da criança, maravilha. Mas deve ser considerada também a questão motora e da escala motora, para que consigamos fazer algo efetivamente benéfico para os pacientes", disse.

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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