O Projeto Vozes dos Quilombos, realizado pela Defensoria PĂșblica do Estado do PiauĂ­ sob a coordenação da defensora pĂșblica Karla AraĂșjo de Andrade Leite, diretora das Defensorias Regionais, concluiu com saldo positivo o ano de 2021, independente da persistĂȘncia da pandemia ocasionada pelo novo coronavĂ­rus.

Como toda a Defensoria PĂșblica, o projeto teve que se reinventar devido a impossibilidade de dar continuidade ao seu formato inicial, visando não favorecer ambientes propĂ­cios à disseminação do vĂ­rus, tanto para o pĂșblico assistidos como para as equipes da Defensoria.

Durante o ano foram realizados atendimentos pontuais de demandas das comunidades dos quilombos Macacos, em São Miguel do Tapuio; Sumidouro, em Queimada Nova; Arthur Passos, em Jerumenha e Vila Carolina, em Campo Largo do PiauĂ­. Também foi realizada visita ao Quilombo SĂ­tio do Velho, em Assunção do PiauĂ­. Todos os atendimentos foram feitos com a adoção dos protocolos hiegienicossanitĂĄrios orientados pela Organização Mundial de SaĂșde (OMS) e órgãos de SaĂșde do Estado e MunicĂ­pios.

DIREITOS QUILOMBOLAS

Em janeiro de 2021 ocorreu o lançamento da publicação virtual "Direitos Quilombolas", um produto do Minicurso de Formação em Direitos Quilombolas, desenvolvido dentro do Projeto Vozes dos Quilombos. Copie o link para baixĂĄ-lo: http://observatorio.direitosocioambiental.org/wp-content/uploads/2021/06/Direitos-Quilombolas_Vozes-do-Quilombo_Defensoria-Publica-do-Piaui.pdf

A obra de 15 capĂ­tulos é o resultado de um trabalho conjunto da defensora Karla Andrade, com os defensores pĂșblicos Gilmar Bittencourt Santos Silva, da Bahia, que é doutor em PolĂ­ticas Sociais e Cidadania e especialista em Direito; Johny Fernandes Giffoni, mestre em Direitos Humanos e defensor pĂșblico do ParĂĄ e Denize Sousa Leite, defensora pĂșblica do Tocantins e titular da 3ÂȘ Defensoria CĂ­vel e de atendimento à mulher vĂ­tima de violĂȘncia doméstica de Porto Nacional.

O conteĂșdo da obra aborda conceitos como os direitos quilombolas, as dificuldades enfrentadas pelas mulheres negras, além de temas ligados à Convenção 169 da OIT, estabelecendo um rol com as principais normas de direito internacional que fundamentam o direito dos povos indĂ­genas, quilombolas e outras comunidades tradicionais a serem observadas por parte do Estado.


Trecho da obra que trata sobre a violĂȘncia sofrida por mulheres negras


A referida obra foi indicada como fonte de pesquisa pela revista Radis, editada e publicada pelo Instituto Fiocruz, para quem precisa se inteirar sobre o que são Quilombos e quais dos direitos dessas comunidades.

Em outubro do mesmo ano ocorreu a segunda edição do Minicurso de Formação em Direitos Quilombolas, que contou como ministrantes com a bacharel em Direito e graduada em História, Isabella da Cruz, quilombola do Paiol de Telha (ParanĂĄ); com o defensor pĂșblico da União, Benoni Ferreira Moreira, membro do Grupo de Trabalho de Comunidades Tradicionais da DPU; com o historiador e doutor em Antropologia pela UFBA, Edmundo Fonseca Machado JĂșnior; com Liliane Amorim, advogada, consultora jurĂ­dica no Interpi. Também ministraram módulos na segunda edição do Minicurso Raquel Giffoni, doutora em Planejamento Urbano e Regional (UFRJ), Mestre em Sociologia também pela UFRJ e bacharel licenciada em CiĂȘncias Sociais (UFRJ); e Johny Fernandes Giffoni que é defensor pĂșblico do estado do ParĂĄ e integrou a primeira edição do Minicurso.

O projeto também acompanhou, durante 2021, a imunização contra a convid-19 nas comunidades quilombolas, tendo sido parceiro junto a Secretaria de SaĂșde do Estado (Sesapi), ajudando a divulgar nessas comunidades o calendĂĄrio de distribuição das doses, para que as lideranças de cada local fossem devidamente informadas sobre o recebimento das vacinas, podendo mobilizar os moradores para a imunização.

Outra ação realizada foi a assinatura, em conjunto coma Defensoria PĂșblica da União, Ministério PĂșblico Federal e Ordem dos Advogados do Brasil Seccional PiauĂ­ (OAB/PI), do protocolo de Ação Civil PĂșblica em favor da Comunidade Quilombola Lagoas, de São Raimundo Nonato

"É difĂ­cil identificar um nĂșmero exato de pessoas atendidas pelas ações do Projeto Vozes dos Quilombos no decorrer do ano, posto que a maioria de nossas ações são coletivas. Contudo, conseguimos desenvolver um rol das ações concretas, além das diversas orientações de rotina, consultas e apoio, levados pelos nossos canais de atendimento aos quilombolas do PiauĂ­ que nos procuraram no exercĂ­cio de 2021. Dessa forma, vemos como positivo o saldo das ações realizadas", afirma a defensora pĂșblica Karla Andrade.

Ela também esteve presentes em eventos voltados para a discussão de temas relacionados às comunidades quilombolas , como a Oficina de GĂȘnero e Raça realizada na comunidade quilombola Mimbó, localizada na zona rural de Amarante; o I Encontro de Formação de Multiplicadores de Lideranças Quilombolas, realizado pelo Instituto de Terras do PiauĂ­ (Interpi), por meio da GerĂȘncia de Povos e Comunidades Tradicionais (GPCT), e a live no canal Youtube Megafone de Lutas.