Festival da Ata no Piauí chama à atenção pelo potencial econômico da fruta na fabricação de vários produtos mais valorizados

O Festival da Ata, que foi realizado neste sábado, 25, na localidade Engano de Baixo, no município de Lagoa do São Francisco, no Piauí, chamou à atenção para as diversas utilidades da fruta na área da segurança alimentar e nutricional. Os moradores são despertados para uso da fruta como importante motor para a geração de riquezas a partir de produção de vários9 derivados com alto valor agregado.

Diante da importância deste arranjo produtivo local, o deputado estadual Fábio Novo apresentou um Projeto de Lei que inclui o Festival da Ata de Lagoa de São Francisco no calendário de eventos oficiais do Estado. A proposta está em tramitação nas comissões técnicas da Assembleia Legislativa e deve ser aprovada no próximo mês de abril.

O festival foi idealizado para reforçar que a fruta tem amplo potencial econômico, já que a polpa pode ser usada na produção de mousses, picolé, bolos, geleias, sorvetes, purês, iogurte e sucos; e as sementes, na fabricação de um composto que ajuda a combater e controlar pragas das lavouras, segundo estudos realizados no âmbito da engenharia de alimentos.

Um dos idealizadores do Festival da Ata é o Valdiner Silva, da Comunidade Kolping Engano de Baixo. Ele disse que o evento cresceu muito pelo fato de estimular a produção de Ata que faz parte da história dos moradores e dos agricultores familiares. Com o festival, segundo ele, a fruta passou a ser melhor aproveitada na produção de vários produtos com valor agregado, gerando mais trabalho e renda.

"O festival estimula também o plantio de Ata. Para isso, durante o evento foram distribuídas sementes junto com um pequeno manual que ensina como deve ser feito o plantio. Temos um grande potencial produtivo. A Ata é hoje um riqueza da nossa comunidade que será incentivada cada vez mais. É um vetor de geração de trabalho e renda e fortalecimento da agricultura familiar", falou Valdiner Silva.

"O Festival da Ata, realizado pelo segundo ano, passa a ter grande importância econômica, social e cultural por movimentar setores importantes como a agricultura familiar, a economia local, a cultura, gastronomia, música, exposições, artesanato, a segurança alimentar e nutricional e trabalho e renda", justificou o deputado Fábio Novo em seu projeto.

A produção da Ata, ou fruta-do-conde como também é conhecida, envolve diretamente 57 famílias de agricultores da comunidade que, antes do festival, utilizavam a fruta mais para o consumo in natura dos familiares e para a venda do excedente nos mercados e feiras.

A ideia do festival surgiu com o intuito de despertar os moradores da comunidade e região para um melhor aproveitamento dos pomares da Ata que formam verdadeiros corredores verdes.

Com o festival, as famílias passaram a utilizar a Ata na produção de sorvete, geleia, bolo, picolé, suco, purês, iogurtes, mousses, dentre outros alimentos que passaram a ser comercializados com um maior valor agregado. Quem não gostaria de degustar um sorvete ou um bolo de Ata? Pois é. A comercialização pode aumentar e gerar mais renda. Todos saem ganhando.

Na programação do festival houve apresentações culturais, música ao vivo com artistas da terra, premiação para a maior Ata madura, concurso Forró da Ata, exposições de artesanato e produtos da agricultura familiar. Atualmente, conta com o apoio da ONG Kolping Piauí e da Prefeitura de Lagoa do São Francisco; e é executado pela Comunidade Kolping Engano de Baixo.

SEMENTE DA ATA PRECISA SER MELHOR APROVEITADA

Segundo estudos, a composição nutricional da Ata tem uma série de proteínas, carboidratos, fibras, lipídeos, vitaminas, minerais e compostos fenólicos. Estima que a Ata foi introduzida no Brasil em 1626, na Bahia.

Há compostos que fazem bem para a saúde em praticamente todas as partes da Ata, como a polpa, folhas, casca, sementes, caule e raízes.

Nutricionistas dizem que, pelo baixo teor de gordura, a Ata é bom para uma pele e cabelo saudáveis, além de melhorar o sistema imunológico, combater a anemia e até problemas como de prisão de ventre.

As sementes acabam sendo descartadas pelo fato de terem um potencial tóxico, mas os estudos apontaram que nelas há substâncias chamadas acetogeninas, que apresentam uma gama extensa de atividades biológicas, partes que possuem potenciais antioxidantes e antimicrobianos.

Na literatura, segundo nutricionista, estas substâncias são descritas como ácidos graxos, e ainda podem conferir benefícios anticancerígenos.

Segundo estudos científicos, as sementes da Ata têm propriedades inseticidas, atuando no controle de pragas agrícolas.

Além disso, são ricas em óleos que possibilitam a fabricação de sabão. Segundo estudiosos, quando são tratadas para remover alcaloides tóxicos, as sementes também servem para fazer óleo de cozinha.