Maconha medicinal pode ajudar no tratamento neurológico, diz pesquisa feita pela Unicamp

O próximo passo é testar o efeito dessas substâncias em animais e, futuramente, em humanos para confirmar a hipótese de que os canabinoides podem regenerar essas células do cérebro.

Por Portal O Piauí em 20/10/2022 às 04:20:14
Cannabis é apontado como a alternativa no tratamento de vários problemas de saúde

Cannabis é apontado como a alternativa no tratamento de vários problemas de saúde

Um estudo da Unicamp indica que uma substância extraída da maconha pode ser útil no tratamento de doenças neurológicas e psiquiátricas.

Publicada em uma revista científica alemã, a pesquisa da Universidade Estadual de Campinas analisou a ação de canabinoides, substâncias encontradas na Cannabis, para a comunicação entre os neurônios.

Um dos pesquisadores do estudo, o professor de bioquímica Daniel Martins de Souza, argumenta que o composto encontrado na planta da maconha pode auxiliar no tratamento de doenças como esclerose múltipla, esclerose lateral amiotrófica e esquizofrenia.

O diferencial da pesquisa da Unicamp é que ela analisou a ação de canabinoides nas células responsáveis pela comunicação entre os neurônios, e não no neurônio em si. Para o pesquisador Daniel de Souza, o resultado reforça a necessidade de os tratamentos para doenças do cérebro serem direcionados também a essas outras células.

Na pesquisa feita in vitro, os canabinoides impulsionaram a proliferação das células responsáveis pela boa comunicação entre os neurônios. O próximo passo é testar o efeito dessas substâncias em animais e, futuramente, em humanos para confirmar a hipótese de que os canabinoides podem regenerar essas células do cérebro.


A Anvisa aprovou, neste ano, três novos produtos medicinais à base de Cannabis. Dois deles são os primeiros a serem aprovados pela Agência com teor de TSH, tetraidrocanabinol, acima de 0,2%.

De acordo com a Anvisa, o embasamento para essa aprovação está em resolução que destina esses produtos com TSH acima de 0,2% a cuidados paliativos exclusivamente para pacientes sem alternativas terapêuticas e em situações irreversíveis ou terminais.

Os novos produtos para uso medicinal são do tipo Extrato de Cannabis sativa e foram fabricados pelas farmacêuticas Greencare e Mantecorp Farmasa, estes com dosagem de 160,32 mg/mL, e outro também da Mantecorp Farmasa, de 79,14 mg/mL.

Os três produtos serão fabricados na Colômbia e comercializados no Brasil sob a forma de solução em gotas para uso oral.

Até o momento, 18 produtos de Cannabis têm a aprovação da Anvisa, sendo oito à base de extratos de Cannabis sativa e dez do fármaco canabidiol.

Edição: Nádia Faggiani / Guilherme Strozi


Pesquisa em MG quer criar colírio contra glaucoma à base de cannabis

A Fundação Ezequiel Dias (Funed) vai desenvolver um novo tipo de colírio à base de Cannabis para o tratamento do glaucoma, por meio de uma parceria com o laboratório Ease Labs, especializado no uso da substância em medicina.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o glaucoma é a segunda maior causa de cegueira no mundo, atrás apenas da catarata. No Brasil, a estimativa é de que cerca de 2 milhões de pessoas tenham a doença.

O glaucoma é uma inflamação nos nervos óticos que provoca o aumento da pressão nos olhos, dor intensa e vermelhidão. O tratamento geralmente é feito com colírios que controlam a pressão e reduzem a dor. Em alguns casos mais graves, é indicada uma cirurgia.

Segundo a pesquisadora e coordenadora do grupo de estudos, Sílva Fialho, o objetivo é criar um medicamento mais eficiente, que reduz os efeitos colaterais dos tratamentos existentes.

"Os tratamentos convencionais exigem administração frequente de colírios, então o paciente normalmente tem que pingar colírio várias vezes ao dia. Muitos deles não são eficazes no controle da pressão intraocular. A proposta com esse medicamento não é apenas melhorar a eficácia do tratamento, melhorar o controle da pressão intraocular, mas também desenvolver uma formulação que seja capaz de manter esse controle da pressão por um período maior, fazendo com que o paciente faça administrações menos frequentes".

Pelo acordo assinado, o laboratório Ease Labs vai fornecer insumos ativos para a pesquisa, o conhecimento técnico relacionado à Cannabis e os métodos para o desenvolvimento do colírio. Ainda segundo Sílvia Fialho, caberá à Funed viabilizar o uso clínico do medicamento, por meio de testes e avaliações.

"A Funed vai ser responsável pelo preparo das formulações, que seria desenvolver o medicamento desde a fase inicial, incorporar a substância ativa (os derivados da Cannabis) em uma formulação. Esse produto final vai ser caracterizado com relação aos seus parâmetros físico-químicos para ver se tem características adequadas para uso nos estudos subsequentes. Então esse medicamento será testado em modelos pré-clínicos in vitro e in vivo. Primeiro a gente avalia a segurança, se não causa nenhum tipo de toxicidade, e em seguida a gente avalia a eficácia deste medicamento em modelos animais de glaucoma".

De acordo com a Funed, há cerca de 15 anos o grupo de pesquisadores à frente do projeto vem atuando no desenvolvimento de produtos para o uso em oftalmologia.

Comunicar erro
BANNER QUEIMADAS

Comentários

Mulheres Acompanhantes