Ex-premiê japonês Shinzo Abe é assassinado no comício que fazia; piauiense conta que comoção é geral

Piauiense que mora no Japão conta que o país está em estado de choque pelo fato de Abe ser muito querido

Por Portal O Piauí em 08/07/2022 às 15:14:45
Foto: REUTERS

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O ex-primeiro-ministro japonês Shinzo Abe morreu hoje (8), após ser baleado durante comício na cidade de Nara, perto de Quioto. A notícia foi dada pela NHK, a televisão estatal do Japão, e confirmada pelo hospital. Uma piauiense que mora perto de Quioto, onde ocorreu o atentado, disse que o clima é de muito comoção no país pelo fato de Abe ter feito uma revolução no país.

A polícia japonesa deteve um suspeito do ataque, Tetsuya Yamagami, com cerca de 40 anos. Ele é acusado de homicídio e usou equipamento semelhante a uma arma de fabricação caseira.

Shinzo Abe, de 67 anos, foi primeiro-ministro do Japão entre 2006 e 2007 e, mais tarde, entre 2012 e 2020. Foi o líder japonês com maior longevidade no cargo.

O comício desta sexta-feira ocorria antes das eleições para o Senado japonês, marcadas para domingo (10). Abe discursava em apoio a Kei Sato, um membro da câmara alta do Parlamento que concorre à reeleição como representante da cidade de Nara.


O VÍDEO DO MOMENTO DO ATENTADO EM QUE ABE É ATINGIDO

https://www.youtube.com/watch?v=_VLfdlAOWoY&t=10s

Imagem do momento em que o ex-premiê japonês Abe é atingido com tiro pelas costas. Na sequência das imagens, o atirador foi preso pelos seguranças que estavam ao lado da vítima no comício.

O momento da prisão do acusado de ter assassinado o ex-primeiro-ministro do Japão

Hospital

Em entrevista, o Hospital Universitário de Nara informou que a morte foi declarada às 17h03 locais, cinco horas depois de ter chegado ao hospital.

De acordo com o médico presente na entrevista, Shinzo Abe "já não tinha sinais vitais" quando chegou ao hospital. Os dois disparos que atingiram o ex-chefe de governo feriram o pescoço, do lado direito, e o peito, do lado esquerdo, chegando ao coração.

O ex-primeiro-ministro sangrou de forma "abundante" e recebeu várias transfusões de sangue para tentar salvar a sua vida, disse o médico.

Manifestações

Emocionado, o atual primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, disse que "não encontra palavras" para reagir após a morte de Shinzo Abe. Kishida foi ministro dos Negócios Estrangeiros de Abe antes de chegar à liderança do governo japonês.

O atentado contra Shinzo Ab é condenado por vários dirigentes mundiais e organizações internacionais. Em Portugal, o presidente Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que está "chocado" com o assassinato.

O governo português condenou o ataque e destacou que "não há lugar para a violência na política".

No Twitter, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, lamentou a morte do ex-chefe de governo. "Morreu uma pessoa maravilhosa, um grande democrata e um defensor da ordem mundial multilateral. Choro com a sua família, amigos e todo o povo japonês", afirmou.

Violência política

No Japão, a violência política é rara e as armas de fogo estão fortemente reguladas. Os assassinatos eram uma característica comum na política interna nos anos que antecederam a Segunda Guerra Mundial, mas tornaram-se quase inexistentes ao longo das últimas sete décadas.

O último assassinato de uma figura política importante ocorreu em 1960, quando um nacionalista extremista esfaqueou e matou o então líder do Partido Socialista do Japão, Inejiro Asanuma. Em nível local, o prefeito de Nagasaki, Kazunaga Ito, foi morto a tiro em 2007 por um integrante de uma gangue.

O país tem as regras mais rigorosas do mundo sobre a compra e o porte de armas de fogo. Em princípio, essas armas não são sequer permitidas no país, mas existem algumas exceções, como as armas usadas na caça.

São várias as etapas até que se consiga comprar e ter porte de arma, desde aulas de segurança, exames escritos, exames médicos, comprovação da saúde física e mental ou verificação de antecedentes.

De acordo com o jornal The New York Times, havia cerca de 192 mil armas de fogo registradas no país em 2020, o mesmo número registrado no estado norte-americano do Alabama, por exemplo.

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Matéria alterada às 8h24 de hoje (8) para atualização.




PIAUIENSE QUE MORA NO JAPÃO DIZ
QUE O PAÍS VIVE UMA GRANDE COMOÇÃO


Rita disse que Abe fez uma revolução no Japão, era muito querido por idosos e crianças.

Em entrevista ao Portalopiaui.com, há pouco, 2 da manhã no Japão, a piauiense Rita Lândia, que mora perto da cidade onde o Premiê foi morto, disse que o país está em estado de choque. A polícia fechou toda a cidade de Quioto, ninguém entra, ninguém sai. Na cidade onde ela mora também está havendo algumas restrições. O policiamento é muito presente e está muito vigilante em relação aos civis, embora não se fale em atentado terrorista.

Rita falou que após o anúncio da morte do ex-primeiro-ministro japonês Shinzo Abe, foi exibida uma reportagem com imagens de satélite do acusado do assassinato de cinco anos atrás, tipo de onde ele morava e por onde andava. Já existe comentário que de que os assassinos são desafetos que Abe atingiu com suas medidas austeras de governo no Japão. Abe proibiu ações e atitudes machistas e homofóbicas.

Ela falou ainda que idosos e crianças do Japão gostam muito do Abe porque ele foi muito bom para o povo japonês e para o país. Ele valorizou as mulheres e os diversos segmentos, como LGBTQIA+, que sofriam muito com preconceitos e discriminação inclusive dentro do partido.

"Abe livrou as mulheres dos próprios parceiros que viam elas só como procriadoras. Ele falou que mulher tem poder e mente. Foi um revolucionário neste sentido e em termos de gestão pública. Enfim, todos no Japão estavam ansiosos pela volta dele ao poder. A morte está deixando os japoneses bem depressivos, isso já havia ocorrido quando ele renunciou por problemas de saúde", falou Rita Lândia.

Segundo a piauiense, a lei japonesa é muito dura com criminosos, onde é muito difícil se ficar impune por crimes. Não há clemência. Ela afirmou que está havendo uma preocupação muito estranha dos policiais em relação aos civis. Está havendo muito vigilância, em alguns locais não se pode filmar com drones e celulares depois do atentado que vitimou o ex-primeiro-ministro.

Em um país livre de armas, japoneses se chocam com assassinato de Abe

O Japão está em hoje em choque e tristeza, tentando entender o assassinato do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe em um país onde as armas de fogo são estritamente regulamentadas e a violência política extremamente rara.

Abe foi baleado enquanto fazia um discurso de campanha e levado ao hospital de helicóptero. Sua morte foi anunciada no fim desta sexta-feira (horário do Japão).

Houve uma onda de tristeza em uma nação onde a violência política é rara, em manifestações que vão do primeiro-ministro protegido de Abe, Fumio Kishida, às pessoas comuns nas mídias sociais. A última vez que um ex-primeiro-ministro foi morto foi há quase 90 anos.

"Estou incrivelmente chocada", disse a governadora de Tóquio, Yuriko Koike, em entrevista antes do anúncio da morte de Abe. "Não importa o motivo, um ato tão hediondo é absolutamente imperdoável. É uma afronta à democracia."

Koki Tanaka, um trabalhador de TI de 26 anos no centro de Tóquio, expressou uma opinião semelhante: "Fiquei simplesmente espantado que isso possa ter acontecido no Japão".

As restrições de posse de armas no Japão não permitem que cidadãos particulares tenham revólveres, e caçadores licenciados podem ter apenas rifles. Os proprietários de armas precisam assistir aulas, passar por um teste escrito e se submeter a uma avaliação de saúde mental e verificação de antecedentes.

Tiroteios, quando ocorrem, geralmente envolvem criminosos da "yakuza", a máfia local, usando armas ilegais. Em 2021, houve dez incidentes com tiros, oito envolvendo criminosos, segundo dados da polícia. Uma pessoa morreu e quatro ficaram feridas.

O homem preso, suspeito de atirar em Abe, é um ex-membro das Forças Armadas japonesas que disparou uma arma de fogo artesanal, segundo relatos da mídia. O ministro da Defesa, Nobuo Kishi, irmão de Abe, recusou-se a comentar.

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