Cajuína do Piauí e Parque da Serra da Capivara são escolhidos para promoção internacional

O Piauí estará bem representado mundo afora, já que há a união de sabor maravilhoso com a história arqueológica que encantam os turistas

Por Portal O Piauí em 04/07/2022 às 18:20:57
A Cajuína do Piauí vai ganhar o mundo por meio de promoção liderada pela Embratur, Iphan e Ministério do Turismo

A Cajuína do Piauí vai ganhar o mundo por meio de promoção liderada pela Embratur, Iphan e Ministério do Turismo

Edição: Lílian Beraldo, do Mtur
Com texto de Djalma Batista sobre
a Cajuína e Serra da Capivara

A Cajuína do Piauí e o Parque Nacional Serra da Capivara, no município de São Raimundo Nonato, estão entre os patrimônios culturais do Brasil que a Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), o Ministério do Turismo (MTur) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) vão promover e difundir em âmbito internacional.

Em se tratando da cajuína, é uma grata surpresa, mas não é surpresa que a bebida do Piauí ainda é a melhor do Brasil por preservar a forma artesanal de produção baseada na cultura indígena e adotar todo um processo de qualidade na cadeia produtiva que envolve o plantio do caju, colheita e beneficiamento com foco na preservação do sabor genuíno piauiense no final do produto. Segundo o empresário Lenildo Lima, supõe-se que há mais de 100 anos a produção de cajuína já existia no Piauí.

Embora o cantor baiano Caetano Veloso tenha composto a música "Cajuína", fazendo a associação com Teresina, o que a tornou muito mais conhecida mundo afora, a bebida é fabricada hoje em vários municípios do Piauí, sempre envolvendo saberes locais passado de pai para filho e todo um processo rústico e manual. Geralmente, há uma concentração nas maiores regiões produtoras de caju por facilitar o aproveitamento do pedúnculo ou da "carne do caju", já que, para os botânicos, o fruto é a castanha.

Foto: Edu Coelho. Foi usada pelo jornal dos Estados Unidos, The New York Times, para ilustrar reportagem que destacou no mundo o Parque Nacional da Serra da Capivara.


A cajuína é hoje uma das maiores fontes geradoras de emprego e renda no campo e também um importante instrumento de riquezas por ser valorizado no mercado e apreciada pelos turistas de todo o mundo. Hoje é comum os visitantes levarem caixas e mais caixas da bebida para seus estados e países, no sentido de apresentá-la a seus familiares.

Com base em lei estadual, a Cajuína é um patrimônio cultural e imaterial do Piauí. Isso tem tanta força que a multinacional Coca Cola, há 8 anos, tentou fabricar um refrigerante chamado Cajuína e, com a grande repercussão negativa inclusive no Congresso Nacional, terminou desistindo da ideia.

Foto: Djalma Batista. A Cajuína tem o poder de unir as pessoas na degustação e integrar nas conversações, sejam as pessoas, de qualquer parte do mundo. E tem um detalhe: a Cajuína já fez parte de estudos nos Estados Unidos, feitos por uma piauiense, que apontam que ela combate o envelhecimento precoce e que até protege pessoas que trabalham com alguns tipos de agrotóxicos.

O Suco do caju que dá origem à cajuína é um dos principais produtos da indústria do Piauí. É importante lembrar que os piauienses, quando pedem uma Cajuína. leem o rótulo primeiro para saber se a origem é de alguma cidade do Piauí que tem tradição. É que alguns Estados passaram a fazer refrigerante com leve sabor de cajuína e colocam no mercado como sendo Cajuína. Porque isso é feito? Não é só para desqualificar o produto não, é para evitar que as pessoas de foram consumam um refrigerante parecido com cajuína e saiam reclamando. Imagine o quanto será ruim para o nosso produto um comentário desses!

Foto: Foto: NOROES, Claudio/Embrapa. A Cajuína do Piauí é lançada neste toor pelo mundo pela categoria saberes como produção tradicional e prática sociocultural.


Produção Tradicional e Práticas Socioculturais Associadas à Cajuína do Piauí

O consumo da cajuína é um ato de degustação, geralmente acompanhado de comentários e comparações sobre as qualidades daquela garrafa da bebida, ressaltando sua cor, doçura, cristalinidade, leveza ou densidade, qualidades que derivam tanto do caju escolhido, quanto das técnicas de cada produtor.

Mesmo sendo uma bebida, ela assume o simbolismo de alimento e poderá ser inscrita na mesma tradição dos doces, bolos, biscoitos e outros saberes prendados cultivados para abastecimento do lar no Nordeste. A cajuína, ao mesmo tempo em que é valorizada como produto de forte apelo regional e cultural, reforça os sentidos de pertencimento e identidade dos piauienses e brasileiros.

No caso do Parque Nacional da Serra Capivara, o Piauí só tem a comemorar por ser o parque um Patrimônio Cultural da Humanidade celebrado pela Unesco. Neste ano, o The New York Times, maior jornal dos Estados Unidos, elencou a Serra da Capivara entre os 52 destinos mais importantes do mundo para se conhecer em 2022. É o berço do homem americano, tem importantes sítios arqueológicos e impressiona pela exuberância do seu bioma, da fauna e da flora.

Com informações da http://fumdham.org.br/parque/, O Parque Nacional Serra da Capivara ocupa 130 mil hectares e está situado no SE do Estado do Piauí na região Nordeste do Brasil. Em 1991, o Parque foi inscrito pela Unesco na lista de Patrimônio Mundial pela importância dos seus sítios arqueológicos. Até o ano de 2018, foram registrados mais de mil sítios com pinturas e gravuras rupestres pré-históricas, indicando uma das maiores concentrações de sítios pré-históricos do mundo por quilômetro quadrado.

O maior atrativo cultural do Parque são os registros rupestres pré-históricos, pintados ou gravados sobre as paredes e os afloramentos rochosos. Consideradas como formas gráficas de comunicação utilizadas pelos grupos pré-históricos que habitaram a região, abordam uma grande variedade de formas, cores e temas. Foram registrados abrigos sob rocha pintados com cenas de caça, sexo, guerra e diversos aspectos da vida cotidiana e do universo simbólico dos seus autores.

Saiba quais são os outros patrimônios

Para esta promoção, foi firmado um acordo de cooperação técnica para promover e difundir internacionalmente este Patrimônios Históricos do Brasil. A parceria envolve ações de promoção dos 16 sítios culturais do Patrimônio Mundial no Brasil, localizados em nove estados e no Distrito Federal, assim como dos 52 bens culturais registrados como Patrimônio Cultural do Brasil. O destaque está em seis deles, incluídos na lista da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.

Os seis patrimônios imateriais reconhecidos pela Unesco são a Arte Kusiwa (Pintura Corporal e Arte Gráfica Wajápi); o Círio de Nossa Senhora de Nazaré; o Complexo Cultural do Bumba-meu-Boi do Maranhão; o Frevo; a Roda de Capoeira e o Samba de Roda do Recôncavo Baiano.

Estão previstas ações como a criação da identidade visual do roteiro do Turismo Cultural dos Sítios Patrimônios Mundiais brasileiros, disponibilização de banco de imagens sobre os sítios culturais, realização de iniciativas voltadas à promoção e apoio à comercialização dos destinos, projetos de acessibilidade física com orientação técnica e fomento para implantação nos sítios, entre outras.

"O Patrimônio Cultural Brasileiro passa a ser vitrine no mundo. Nós veremos Angra dos Reis e Paraty, a capoeira, o forró, a feira de Caruaru sendo apresentados ao mundo pela Embratur", comemorou Larissa Peixoto, presidente do Iphan.


Foto: Djalma Batista. Uma cuia de caju que estava sendo vendida na Praça Pedro II, em Teresina, sobre uma cadeira. O vendedor tinha colhido esta beleza em seu quintal.


Confira a lista de patrimônios históricos:

Os 16 sítios culturais do Patrimônio Mundial no Brasil
1. Cidade Histórica de Ouro Preto (MG);
2. Centro Histórico da Cidade de Olinda (PE);
3. Missões Jesuíticas dos Guaranis: San Ignacio Mini, Santa Ana, Nuestra Señora de Loreto e Santa Maria Mayor (Argentina), Ruínas de São Miguel das Missões (Brasil/RS);
4. Centro Histórico de Salvador de Bahia (BA);
5. Santuário do Bom Jesus de Congonhas (MG);
6. Brasília (DF);
7. Parque Nacional Serra da Capivara (PI);
8. Centro Histórico de São Luís (MA);
9. Centro Histórico da Cidade de Diamantina (MG);
10. Centro Histórico da Cidade de Goiás (GO);
11. Praça São Francisco na Cidade de São Cristóvão (SE);
12. Rio de Janeiro: Paisagens Cariocas entre a Montanha e o Mar;
13. Conjunto Moderno da Pampulha (MG);
14. Sítio Arqueológico Cais do Valongo (RJ);
15. Sítio Misto – Paraty e Ilha Grande: cultura e biodiversidade (RJ);
16. Sítio Roberto Burle Marx: paisagem cultural (RJ).

Os 6 Patrimônios Culturais Imateriais da Humanidade:
1. Arte Kusiwa - Pintura Corporal e Arte Gráfica Wajápi;
2. Círio de Nossa Senhora de Nazaré;
3. Complexo Cultural do Bumba-meu-Boi do Maranhão;
4. Frevo;
5. Roda de Capoeira;
6. Samba de Roda do Recôncavo Baiano.

Os 52 bens culturais registrados como Patrimônio Cultural do Brasil:
Celebrações:
1. Banho de São João de Corumbá e Ladário (MS);
2. Bembé do Mercado;
3. Círio de Nossa Senhora de Nazaré;
4. Complexo Cultural do Boi Bumbá do Médio Amazonas e Parintins;
5. Complexo Cultural do Bumba-meu-Boi do Maranhão;
6. Festa de Sant'Ana de Caicó (RN);
7. Festa do Divino Espírito Santo da Cidade de Paraty (RJ);
8. Festa do Divino Espirito Santo de Pirenópolis (GO);
9. Festa do Pau da Bandeira de Santo Antônio em Barbalha (CE);
10. Festa do Senhor Bom Jesus do Bon?m;
11. Festividades do Glorioso São Sebastião na região do Marajó;
12. Procissão do Senhor dos Passos de Florianópolis;
13. Ritual Yaokwa do povo indígena Enawenê Nawê;
14. Romaria dos Carros de Boi da Festa do Divino Pai Eterno de Trindade.

Formas de Expressão:
1. Arte Kusiwa - Pintura Corporal e Arte Grá?ca Wajápi;
2. Caboclinho;
3. Carimbó;
4. Cavalo-Marinho;
5. Cirando do Nordeste;
6. Fandango Caiçara;
7. Frevo;
8. Jongo no Sudeste;
9. Literatura de Cordel;
10. Marabaixo;
11. Maracatu Baque Solto;
12. Maracatu Nação;
13. Matrizes do Samba no Rio de Janeiro: partido alto, samba de terreiro e samba-enredo;
14. Matrizes Tradicionais do Forró;
15. Repente;
16. Ritxòkò: Expressão Artística e Cosmológica do Povo Karajá;
17. Roda de Capoeira;
18. Samba de Roda do Recôncavo Baiano;
19. Tambor de Crioula do Maranhão;
20. Teatro de Bonecos Popular do Nordeste: Mamulengo, Babau, João Redondo e Cassimiro Coco;
21. Toque dos Sinos em Minas Gerais.

Lugares:
1. Cachoeira de Iauaretê - Lugar Sagrado dos povos indígenas dos Rios Uaupés e Papuri;
2. Feira de Campina Grande;
3. Feira de Caruaru;
4. Tava, Lugar de Referência para o Povo Guarani.

Saberes:
1. Modo de fazer Renda Irlandesa tendo como referência este Oficio em Divina Pastora (SE);
2. Modo de fazer Viola-de-Cocho;
3. Modos de Fazer Cuias do Baixo Amazonas;
4. Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal;
5. Oficio das Baianas de Acarajé;
6. Oficio das Paneleiras de Goiabeiras;
7. Oficio de Sineiro;
8. Oficio dos Mestres de Capoeira;
9. Produção Tradicional e práticas socioculturais associadas a Cajuína no Piauí;
10. Saberes e Práticas Associados ao modo de fazer Bonecas Karajá;
11. Sistema agrícola de comunidades Quilombolas do Vale do Ribeira;
12. Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro (AM);
13. Tradições Doceiras na Região de Pelotas e Antiga Pelotas: Morro Redondo, Ituruçu, Capão do Leão e Arroio do Padre.


Processo de produção de cajuína com
qualidade, conforme a Embrapa

Cajuína é o suco de caju obtido por prensagem de pedúnculos maduros, sãos e recém-colhidos. Tratado por processo tecnológico adequado, torna-se límpido e, posteriormente, passando por um tratamento rigoroso térmico, adquire a coloração característica e a estabilidade microbiológica para ser assim consumido como um produto sem conservantes e de sabor agradável.

Para cada tipo de pedúnculo de cajueiro utilizado, o produto obtido é diferente em relação ao seu teor natural em açúcares, sais minerais e vitaminas.

A variedade de caju utilizada para a extração do suco é fator determinante para a qualidade da cajuína obtida. Dessa forma, considerando-se o pedúnculo de caju como uma matéria-prima, sob o ponto de vista nutricional, rica em nutrientes, a mesma pode ser manuseada de maneira a se obter produtos com maior valor agregado e de menor perecibilidade, como é a cajuína.

Com objetivo de levar ao produtor de caju uma metodologia de como fazer cajuína empregando-se técnicas simples, porém modernas, a Embrapa Agroindústria Tropical desenvolveu um processo de produção de cajuína nos Padrões de Identidade e Qualidade (P.I.Q.).

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