Geoparque Seridó, no Rio Grande do Norte, é reconhecido pela Unesco como patrimônio mundial

Os geoparques Seridó (RN) e Caminhos dos Cânions do Sul passaram a integram a Rede Global de Geoparques da Unesco que, até então, contava apenas com o Geoparque Araripe (CE) como representante brasileiro

Por Portal O Piauí em 14/04/2022 às 05:23:03
Foto: Getson Luís. Cânions dos Apertados

Foto: Getson Luís. Cânions dos Apertados

O Brasil acaba de ter mais dois geoparques reconhecidos internacionalmente. Os geoparques Seridó (RN) e Caminhos dos Cânions do Sul passaram a integram a Rede Global de Geoparques da Unesco que, até então, contava apenas com o Geoparque Araripe (CE) como representante brasileiro. O anúncio foi realizado nesta quarta-feira (13.04) durante a 214ª sessão do Conselho Executivo da Unesco, que endossou ainda outros seis novos geoparques de outros países.

Agora, os três territórios brasileiros estão entre os 177 geoparques espalhados em 46 países do mundo que integram oficialmente o Programa Internacional de Geociências e Geoparques da organização. Ao conceder o título, a Unesco zela pela garantia da sustentabilidade, preservação e proteção ambiental dessas áreas, promovendo também o envolvimento dos moradores da região, além de ampliar a capacidade turística do local.

Em 2021, o Ministério do Turismo acompanhou a visita técnica da Unesco à região do Seridó para avaliação da candidatura. O ministro do Turismo, Carlos Brito, comemorou a notícia e reforçou o apoio do Ministério do Turismo para esta conquista.

"Esta é uma grande vitória para o Brasil e para o turismo do nosso país. Este reconhecimento trará visibilidade internacional para estes dois atrativos nacionais importantíssimos para o mundo. O Ministério do Turismo atuou para alcançar este resultado, que valoriza as riquezas e o desenvolvimento sustentável do nosso país", ressaltou o ministro.

Com o apoio do Ministério do Turismo, outros dois geoparques também podem receber o título de Geoparque Mundial em breve. Em março deste ano, entraram para a lista de Geoparques aspirantes à ação da Unesco os territórios de Caçapava e Quarta Colônia, ambos localizados no Rio Grande do Sul.

"A partir de uma carta de apoio, o Ministério do Turismo chancelou a candidatura desses dois geoparques. Agora eles passarão pelo processo de admissão da Unesco, que envolve visitas técnicas, reuniões com as governanças locais, acompanhamento de projetos dos geoparques, entre outros", explica o secretário de Desenvolvimento e Competitividade do Turismo, Fábio Pinheiro.

Para o presidente do Consórcio Intermunicipal Caminhos dos Cânions do Sul, Carlos Souza, a chancela reconhece a trajetória construída ao longo de 15 anos e traz um novo olhar sobre o potencial turístico da região, destacando sua importância para o mundo. "Esta conquista é resultado da mobilização de diferentes lideranças, pesquisadores, educadores, estudantes, instituições parceiras, empreendedores, equipe técnica e todos que sempre acreditaram no Geoparque. É só o início de uma nova etapa de trabalho intenso pela frente, mas que já está trazendo importantes resultados para o desenvolvimento econômico da nossa região", destaca Souza.

"Esse reconhecimento internacional é importante, pois confirma que esse território potiguar tem um patrimônio geológico de relevância internacional, aliado a particularidades do restante do patrimônio natural e do patrimônio cultural, assim se tornando um lugar único no mundo. Essa visibilidade internacional favorecerá um maior desenvolvimento territorial por meio de práticas ligadas a conservação da natureza, melhorias na educação e realização de práticas turísticas sustentáveis", afirma Marcos Nascimento, Coordenador Científico do Geoparque Seridó.

GEOPARQUES

Para se instituir como geoparque, é necessário que uma região tenha atributos geológicos e paleontológicos de relevância internacional, aliados a ações de proteção, educação e desenvolvimento sustentável. A implantação deve contemplar o turismo, desenvolver a economia local e modificar, assim, a realidade socioeconômica dos habitantes da região.

Os geoparques não estão apenas relacionados à existência de rochas e fósseis, como também ao comprometimento local de participação e envolvimento da comunidade. Segundo a Unesco, entre os objetivos dos geoparques está a preservação das regiões que contam a evolução dos continentes e o desenvolvimento social e econômico desses locais por meio do geoturismo.

SERIDÓ

O Geoparque Seridó compreende seis municípios do Rio Grande do Norte: Acari, Carnaúba dos Dantas, Cerro Corá, Currais Novos, Lagoa Nova e Parelhas, totalizando mais de 2,8 mil km² na Caatinga, bioma único no mundo. Em todo o seu território, o turista pode acompanhar diversas atividades que contemplam a cultura local, a história, a gastronomia e a natureza, além de materiais geológicos, como rochas metamórficas do período Paleoproterozoico, que datam até 2 bilhões de anos.

CAMINHOS DOS CÂNIONS DO SUL

Situado entre sete municípios de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, a região turística possui uma área de 2.830 quilômetros quadrados, que contempla patrimônios geológicos e paisagens de relevância geológica internacional. Além disso, o local abrange ecossistemas de destaque no Brasil e conta com um rico patrimônio cultural, representativo dos diferentes povos que moram naquela região. A expectativa é de que após a certificação do órgão, o local receba seis vezes mais turistas, saindo de 250 mil para cerca de 1,5 milhão de visitantes. Para a promoção da região turística, em 2021, o Ministério do Turismo investiu R$ 100 mil para a realização de uma campanha promocional a fim de dar mais visibilidade ao atrativo.

MANUAL – No fim do ano passado, o Ministério do Turismo e a Unesco selecionaram a Fundação Norte-Rio-Grandense de Pesquisa e Cultura (FUNPEC) para realizar a elaboração de um manual para o desenvolvimento de projetos turísticos de geoparques no Brasil.

A seleção é resultado de edital lançado em setembro pela Pasta, que teve como objetivo contribuir para a estruturação de mecanismos de fomento ao turismo sustentável nesses territórios. A expectativa é de que este documento seja replicado em todos as iniciativas de geoparques em andamento no país.

O manual deverá ser lançado durante o evento "Geoparques: oportunidades para a competitividade do turismo brasileiro", a ser realizado pelo MTur, em parceria com a Unesco e FUNPEC, ainda este mês.

EVENTO - No dia 21 de abril, a UNESCO apresentará os novos Geoparques em um evento digital de boas-vindas que pode ser acompanhado ao vivo pela internet, a partir das 9 horas, no canal do YouTube da Global Geoparks Network.

Por Vanessa Castro
Assessoria de Comunicação do Ministério do Turismo



História do Geoparque Seridó

O sonho de um geoparque no Seridó começou no início da década de 2010, no âmbito do Programa de Geoparques da CPRM (Serviço Geológico do Brasil), quando Marcos Nascimento (UFRN) e Rogério Ferreira (CPRM) apresentaram diagnóstico de campo com uma proposta inicial para a delimitação de um geoparque na área.

Com o passar do tempo, novos inventários foram realizados, novas pesquisas desenvolvidas e, principalmente, aconteceu a identificação da comunidade local com a ideia, que foi abraçada por artesãos, guias de turismo, agricultores, professores, jornalistas, empresários, gestores e população em geral. Ao perguntar aos seridoenses sobre o Geoparque Seridó muitos hoje já reconhecem a temática e apoiam a iniciativa.

Inúmeros processos naturais, ao longo dos últimos 2 bilhões de anos, especialmente nos últimos 640 milhões de anos, foram responsáveis por modelar as paisagens da região, marcada por serras, picos e depressões, além das exposições rochosas de rochas ígneas, metamórficas e sedimentares. A mineração é uma atividade econômica importante, sendo que seu auge foi atingido na segunda metade do século XX, por meio da exploração da scheelita (tungstato de cálcio, CaWO4), principalmente pela Mina Brejuí, a maior deste minério na América do Sul.

Na região também existem importantes registros de povos antigos, que deixaram sua presença marcada nas rochas do Seridó por meio de pinturas e gravuras, evidenciando que a relação dos povos locais com a natureza remonta a milhares de anos passados.

A biodiversidade do território possui também grande destaque, sobretudo por compor um bioma exclusivamente brasileiro – a caatinga. Portanto, há uma flora e uma fauna endêmica identificadas. Registros paleontológicos mostram também a fauna pleistocênica da região, composta por megafauna (preguiça e tatu gigantes, tigre dente de sabre, entre outros).

O patrimônio geológico do Seridó precisa ser registrado, por isso este site foi estruturado, como forma também de divulgação desse território potiguar, tão belo, vasto e rico, em geodiversidade e biodiversidade, em cultura, em pessoas.

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