Foto: Jornal da Cidade GV
Em nota, a entidade alerta que, ao não observarem critérios mĂnimos definidos por autoridades médicas e sanitĂĄrias, responsĂĄveis por mutirões como o do Rio Grande do Norte "privam os pacientes da necessĂĄria eficĂĄcia e segurança nesses procedimentos". Em 2022, um mutirão em Rondônia realizou 140 cirurgias de catarata, com a ocorrĂȘncia de 40 casos de infecção. Em 2023, no AmapĂĄ, foram 141 procedimentos em iniciativa semelhante, sendo que 104 apresentaram intercorrĂȘncias.
Com a proposta de reforçar a proteção de pacientes e a manutenção da qualidade do trabalho de oftalmologistas, o CBO disponibilizou a gestores pĂșblicos e privados, profissionais de saĂșde e população em geral o Guia de Mutirões de Cirurgia Oftalmológica. A publicação traz uma série de orientações, desde a organização do mutirão até os cuidados pós-operatórios. O texto foi elaborado com base em protocolos clĂnicos e normas aprovadas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pela AgĂȘncia Nacional de Vigilância SanitĂĄria (Anvisa).Para evitar novos casos de eventos adversos graves em tratamentos cirĂșrgicos, o conselho recomenda que o atendimento oftalmológico em regime de mutirão seja realizado, prioritariamente, em estabelecimentos com histórico de prestação desse tipo de serviço na região de saĂșde em questão. A entidade lembra ainda que, durante os mutirões, cabe às vigilâncias sanitĂĄrias locais o monitoramento das atividades realizadas, "a fim de assegurar que todas as exigĂȘncias técnicas e operacionais sejam cumpridas".
"Em relação à execução dos procedimentos clĂnicos e/ou cirĂșrgicos, é imprescindĂvel que seja realizada por médicos com registro de qualificação de especialista (RQE) em oftalmologia", destaca o CBO. "Após a realização dos procedimentos cirĂșrgicos, os pacientes devem ser acompanhados por até 30 dias pela equipe responsĂĄvel, sendo obrigatória a comunicação imediata à vigilância sanitĂĄria de eventos adversos e, em caso de infecção, que o mutirão seja interrompido até que haja apuração das causas e tomadas as providĂȘncias cabĂveis."
O conselho classifica como "contraindicado" atender pacientes oftalmológicos em unidades móveis, estruturas temporĂĄrias ou estabelecimentos não médico hospitalares adaptados. Ainda segundo a entidade, gestores, ao optarem pela realização de mutirões oftalmológicos, só devem contratar equipes e empresas de outros estados após comprovação documentada da incapacidade ou dos serviços locais em atender à demanda nas mesmas condições contratuais.
O guia também traz orientações especĂficas para médicos que participam de mutirões. "O profissional deve estar atento ao cumprimento, por parte dos organizadores da ação, das normas sanitĂĄrias. Também é sua responsabilidade informar os pacientes sobre os procedimentos que serão realizados durante o mutirão, bem como sobre seus direitos, cuidados e esclarecer suas dĂșvidas".
"O médico tem papel chave na orientação dos pacientes sobre medicamentos prescritos (dosagens, finalidade, periodicidade, possĂveis interações e efeitos colaterais), na identificação correta do local a ser operado e na verificação das condições do serviço onde serão realizados os procedimentos, incluindo as condições para higienização das mãos dos profissionais, pacientes e acompanhantes. Outro ponto de responsabilidade do médico é informar ao paciente sobre o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e recebĂȘ-lo assinado."
O documento destaca que pacientes, familiares e acompanhantes podem contribuir para uma assistĂȘncia mais segura e para a redução de casos de eventos adversos durante mutirões oftalmológicos. "Para isso, o pĂșblico atendido deve agir de forma proativa e perguntar à equipe de saĂșde se tiver dĂșvidas ou preocupações sobre qualquer procedimento que serĂĄ realizado".
"Pontos, como o preparo para a cirurgia, a correta identificação do olho a ser operado e busca de informações sobre medicamentos prescritos, também devem ser observados por pacientes e familiares. Da mesma forma, eles podem ajudar no controle do ambiente, apontando se os locais onde os procedimentos são realizados possuem infraestrutura para os atendimentos."
O conselho ressalta que o envolvimento do paciente no processo reduz riscos de danos e não termina com o fim do ato cirĂșrgico. Entre os cuidados listados estão:
- evitar tocar olhos, nariz e boca enquanto estiver no serviço de saĂșde;
- nunca tocar em outros pacientes ou em pertences de outros pacientes;
- informar-se sobre o que deve evitar após a cirurgia, sobre a retirada de pontos e curativos e sobre quando e onde serĂĄ o retorno para reavaliação do procedimento.
Por fim, o CBO orienta que pacientes que se sentirem mal após a cirurgia comuniquem o fato imediatamente a um profissional de saĂșde ou retornem ao serviço de saĂșde onde foi realizado o procedimento, sobretudo se estiverem apresentando sintomas como febre, vermelhidão e secreção no local da cirurgia.
Fonte: AgĂȘncia Brasil