A investigação multimídia Nome aos Bois, que traça um perfil dos principais pecuaristas envolvidos em irregularidades sociais e ambientais do Brasil, ganhou o Prêmio Gabo de jornalismo, na categoria “Cobertura”. O anúncio foi feito na noite de ontem (30), na cidade de Bogotá, Colômbia.
Criado pela fundação que leva o nome do notório escritor colombiano Gabriel García Márquez, o troféu é hoje um dos mais importantes do jornalismo latinoamericano. Dentre os quase 2 mil trabalhos inscritos, havia também produções da Espanha e de Portugal.
O especial da Repórter Brasil traça o perfil de dez nomes de peso da criação de bois no país. Somados, eles registram R$ 639 milhões em multas ambientais e 163 trabalhadores resgatados de condições semelhantes às de escravos, além de 1.400 quilômetros quadrados de áreas embargadas pelo governo por desmatamento ilegal.
Personagens importantes aparecem no levantamento, como Daniel Dantas. O banqueiro, que chegou a ser preso duas vezes em 2008 no âmbito da Operação Satiagraha por suspeita de lavagem de dinheiro, tentativa de suborno e evasão de divisas, é o controlador do Opportunity. O grupo empresarial responde por uma das maiores criações de gado do Brasil, a AgroSB, que já foi administrada pelo cunhado de Dantas.
Também consta da relação a família Quagliato, responsável por uma fazenda onde foram encontrados 85 trabalhadores em situação de trabalho escravo, no interior do Pará. O caso foi levado à Corte Interamericana de Direitos Humanos e resultou na condenação do Estado brasileiro, em 2016.
O prêmio foi recebido pela repórter Marina Rossi e por Ana Magalhães, editora do especial.
Este é o segundo Prêmio Gabo recebido pela Repórter Brasil. Em 2017, a organização foi a vencedora na categoria imagem com o documentário "Jaci – Sete Pecados de uma Obra Amazônica".
O filme retrata os impactos da construção da usina hidrelétrica de Jirau, em Rondônia, e está disponível na Globoplay.