Oeiras tem o maior acervo arquitetônico do período imperial a céu aberto do Piauí
O governador Rafael Fonteles participa, nesta segunda-feira (23), em Oeiras, das atividades em comemoração aos 200 anos da adesão do PiauĂ à IndependĂȘncia do Brasil. Na primeira capital do estado, ele inaugura obra, participa de solenidades e prestigia grandes apresentações artĂsticas. Na época dos movimentos pela indepedĂȘncia, em 1823, a cidade era a sede do governo central vinculada a Portugal.
Segundo o IBGE, Oeiras é considerado o nĂșcleo mais antigo do PiauĂ e berço da história e colonização do Estado. Foi sede da ProvĂncia até 1852, quando o Conselheiro Saraiva transferiu a capital para a 'Chapada do Corisco', onde hoje se encontra Teresina.
Rafael Fonteles permanece no municĂpio, nesta terça-feira (24), onde participa de solenidades religiosas, outorga da Ordem Estadual do Mérito Renascença do PiauĂ e de honrarias na estĂĄtua de Visconde da ParnaĂba, no Monumento de 24 de Janeiro.
O governador inaugura a pavimentação asfĂĄltica da via que dĂĄ acesso ao campus da Universidade Estadual do PiauĂ (Uespi), no fim da tarde desta segunda-feira (23). A obra irĂĄ facilitar o acesso da comunidade acadĂȘmica ao campus e recebeu investimentos de R$ 631.884,30.
O governador esteve nesta segunda-feira em Piracuruca, onde também houve comemorações pelos 200 anos de adesão do PiauĂ à IndepenĂȘncia do Brasil.
A partir das 20h, Rafael Fonteles participa de solenidade organizada pela Academia Piauiense de Letras e Instituto Histórico de Oeiras, no CineTeatro Oeiras, na Praça das Bandeiras. Logo após, às 21h, o governador prestigia a noite cultural, realizada na Praça das Vitórias. O evento é organizado pela Secretaria de Estado da Cultura (Secult) e tem como atrações o cantor oeirense VavĂĄ Ribeiro e a cantora Adriana Calcanhoto.
Na terça-feira (24), a partir das 8h, o governador participa de honras militares e da aposição de corbelha de flores na estĂĄtua de Manoel de Sousa Martins (Visconde da ParnaĂba), no Monumento 24 de Janeiro, localizado na BR-230. Logo em seguida, às 8h30, Rafael participa de culto em ação de graças na Primeira Igreja Batista. Depois, às 9h15, assiste à missa em ação de graças na Catedral de Nossa Senhora das Vitórias.
Fonteles encerra as atividades no municĂpio realizando a outorga da Ordem Estadual do Mérito Renascença do PiauĂ, no auditório do Centro Diocesano de Pastoral Dom Expedito Lopes, no Centro de Oeiras.
Diversas expedições tentaram a exploração das terras do atual Estado do PiauĂ. Dentre elas, a de Domingos Afonso Mafrense, em 1674, penetrou toda a região centro-sul, resultando o domĂnio de vasto sertão até o ParnaĂba. Outra, vinda de Pernambuco, por influĂȘncia da expedição de Mafrense, teria invadido os sertões de Cabrobó, avançando sempre para o nordeste. Acredita-se que ambas penetraram no território onde mais tarde se instalou a sede do MunicĂpio de Oeiras.
HĂĄ registros de pedidos de sesmarias, feitos anteriormente (em 1667) por Mafrense, Julião Afonso Serra e outros, abrangendo a região que vai desde o ParnaĂba até a Serra do Araripe. Sabe-se, por outro lado, que Mafrense fundou no local diversas fazendas, entre as quais a 'Cabrobó', onde residiu, e que Serra organizou ali um arraial de Ăndios domesticados.
Dividem-se, por isso, entre os dois desbravadores as opiniões sobre quem se instalou primeiramente nas terras do atual MunicĂpio, embora predominem as versões que indicam a primazia de Mafrense.
O fato é que no lugar com o nome de 'Mocha', tomado de um riacho ali situado, formou-se uma povoação, com capela filiada à freguesia de Cabrobó, da Diocese de Pernambuco. Essa povoação passou ao nĂvel de freguesia, sob a invocação de Nossa Senhora da Vitória, em 1696, e foi elevada à categoria de vila em 1712.
Ao ser criada a Capitania do PiauĂ, em 1758 (Carta Régia de 29 de julho), a vila de Mocha, que era a seu maior nĂșcleo, tornou-se sede do GovĂȘrno. Somente em 1761 ganhou ela foros de cidades, passando, então, a denominar-se Oeiras, em homenagem ao Conde de igual nome, depois MarquĂȘs de Pombal.
Oeiras é considerada o nĂșcleo mais antigo do PiauĂ e berço da história e colonização do Estado. Foi sede da ProvĂncia até 1852, quando o Conselheiro Saraiva transferiu a capital para a 'Chapada do Corisco', onde hoje se encontra Teresina.
Primeira capital do PiauĂ, Oeiras ostenta o tĂtulo de Patrimônio Cultural Brasileiro e Capital da Fé. Não é à toa. Seus casarões presenciaram momentos importantes como a outorga da independĂȘncia do PiauĂ e sua união ao Império do Brasil. A religiosidade católica estĂĄ arraigada nas entranhas do municĂpio que encontra seu auge no perĂodo da Semana Santa, com eventos como a Procissão do Fogaréu, na Quinta-feira Santa. Culturalmente, é a terra do mĂșsico Possidônio Queiroz, do romancista O. G. Rego de Carvalho e também dos bandolins e dos congos, uma prova de sua herança luso-africana.
Como Chegar ?
Carro: Saindo de Teresina, pela BR 316, em direção ao Sul do Estado, até o municĂpio de Alagoinha do PiauĂ. Em seguida, vire à direita a BR 343, até Regeneração. Então, vire à esquerda e siga pela PI 236 até o cruzamento com a BR 230, onde deve-se virar à direita e seguir até Oeiras.
Cultura
Em louvor aos santos Nossa Senhora do RosĂĄrio e São Benedito, os descendentes de africanos em Oeiras mantĂȘm a tradição de trĂȘs séculos do Congo. As cantigas foram compostas pelos integrantes desde os tempos antigos, quando os homens usavam as roupas das Senhoras para dançar. No lado portuguĂȘs, uma forte elemento da cultura oeirense são os bandolins, comandados pelas mulheres, que ainda guardam fortemente o acento lusitano. A cidade também realiza o Festival de Cultura e a Flor (Feira LiterĂĄria de Oeiras) no mĂȘs de novembro.
Centro Histórico
Um conjunto de 235 imóveis que se estende por 14 quarteirões no centro de Oeiras foi tombado Iphan, em 2012 e apresenta elementos de vĂĄrias correntes arquitetônicas (luso-brasileira, arquitetura do imigrante e eclética). Entre os mais importantes e significativos estão: a Casa do Cônego, construĂda na primeira metade do século XIX; o Cine Teatro Oeiras, prédio em Art Decó da década de 1940; a Casa do Visconde da ParnaĂba, imóvel do final do século XVIII que foi sede do Governo entre 1823 e 1843; Solar das Doze Janelas, residĂȘncia construĂda no século XIX, que hoje abriga a biblioteca pĂșblica de Oeiras; Ponte Grande do Mocha, construĂda sobre o Riacho da Mocha, em 1846, é a ponte mais antiga do PiauĂ; entre outros imóveis.
Pé de Deus/Pé do Cão
Conta-se que o próprio Jesus Cristo andou pelas terras de Oeiras e que a marca de seu pé ficou encravado num lajeiro no bairro do RosĂĄrio. O diabo também teria andado em local próximo e deixado sua marca. Onde o Nazareno passou são colocadas velas e onde o demônio passou, são atiradas pedras
Casa da Pólvora
A Casa da Pólvora é uma construção de pedra de grande valor histórico para o estado, pois foi é considerada a Ășnica edificação militar do perĂodo colonial do PiauĂ que ainda existe. Foi personagem importante na emancipação do PiauĂ, durante as lutas pela independĂȘncia.
Cultura
A igreja matriz de Nossa Senhora das Vitórias, construĂda em 1733, é a mais antiga igreja do PiauĂ. EstĂĄ localizada na Praça das Vitórias, no centro da cidade, sendo um dos seus cartões postais mais conhecidos. A igreja do RosĂĄrio, que fica no bairro de mesmo nome, é o templo católico que, inicialmente, no século XVIII, era frequentado apenas pelos negros. JĂĄ a Igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Homens Pardos, data do século XIX.
Religiosidade
As manifestações de fé em Oeiras tĂȘm tamanho superlativo, sendo todo o ritual que envolve a Semana Santa, o mais marcante. A procissão de Bom Jesus dos Passos é realizada uma semana antes da Procissão do Senhor Morto, que acontece na Sexta-Feira da Paixão. Entretanto, a manifestação mais emblemĂĄtica é a Procissão do Fogaréu, que ocorre na Quinta-Feira do Fogaréu, quando milhares de homens com lamparinas simbolizando a busca pela prisão de Cristo.
O EspĂrito Santo também estĂĄ bastante presente no cristianismo oeirense e as festividades para ele começam no domingo da Ascensão de Jesus, com a Coroação do Divino, com cortejo, missa e escolha da famĂlia que receberĂĄ o sĂmbolo – uma pomba de madeira do século XIX – em sua residĂȘncia. No centro do municĂpio hĂĄ um museu dedicado ao Divino.