Museu no Cristo Rei está entre as principais opções para os turistas que gostam de curtir uma experiência que mistura história e cultura
O Museu Dom Avelar Brandão Vilela, em Teresina, idealizado por Pedro Biondan Maione, um padre jesuíta italiano, desponta na cidade como uma relevante opção de visitações para a população, e especialmente para os turistas que primam por uma experiência que fala a língua do lugar, misturando história, arte, ciência e cultura.
O museu abriga 20.800 peças catalogadas, sendo que várias são raríssimas como moedas datadas de 800 d.C. e diploma enviado ao Piauí pelo Papa Francisco em homenagem às ações prestadas pelo pároco.
Grande parte das peças encontra-se exposta, e outra parte está guardada na reserva técnica da instituição, localizada na rua Poeta Domingos Fonseca, 1310, bairro Cristo Rei, área central de Teresina.
A diretora a Fundação Cultural Cristo Rei, Mônica Mendes, que recebeu a equipe do Portal O Piauí no museu, disse que o acervo da instituição vem atraindo a atenção das pessoas pela riqueza e pelas peças raras no Estado.
"Visitar o Museu Dom Avelar é uma experiência muito especial, porque o acervo é bastante eclético, onde nós temos uma coleção de Numismática [moedas e medalhas], Arte Popular Mundial [objetos de vários países], Conquiliologia [estudo das conchas dos moluscos], Arqueologia, Mineralogia, Paleontologia [animais taxidermizados], dentre outros. É um acervo muito bonito, e rico em informação. É uma visita que vale a pena. Desperta a curiosidade, e leva os visitantes a conhecerem nossa história quanto seres humanos, tanto no Piauí, quanto no mundo", afirma Mônica.
A diretora do Museu, Mônica Mendes, fala sobre a importância das pessoas irem ao museu, apontando que isso ajuda muito no crescimento humano.
O museu é credenciado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), e graças ao órgão, ele foi reformado e reinaugurado em 2019 para receber o público em geral.
"O que motivou a reforma pelo IPHAN foi um problema ambiental, quando a construtora Queiroz Galvão construía um parque eólico [na Serra do Araripe, em Caldeirão Grande do Piauí] e foram destruídos três sítios arqueológicos. Assim, foi realizado na época um Termo de Ajuste de Conduta para que a empresa a fizesse uma compensação do prejuízo causado ao ambiente. E essa compensação foi exatamente a reforma que aconteceu aqui no museu. O IPHAN escolheu a fundação para receber essa compensação. Uma reforma com pintura, climatização, mobiliário novo, novo projeto expográfico", explicou a diretora.
O prédio possui um Laboratório de Arqueologia, com reserva técnica de material arqueológico, já que a instituição é credenciada para fornecer endosso institucional para pesquisa arqueológica, que autoriza o oferecimento de licenciamento ambiental para obras, e é instituição de guarda definitiva de material arqueológico. Além do museu, o prédio conta com a Biblioteca Padre Gabriel Malagrida, Auditório, Laboratório de Arqueologia e uma sala em homenagem ao padre Pedro Maione.
Ainda de acordo com a diretora do local, o museu não possui fonte de renda própria. Para a sobrevivência do local, é cobrada uma taxa simbólica de entrada de R$2,00 a meia, e R$4,00 a inteira, e uma pequena doação daqueles que utilizam o espaço para estudos e outros fins. Para quem quiser doar, ou para quem for pagar a entrada, o local dispõe da chave pix: 34.965.434/0001-48.
INSTITUIÇÃO DE SÃO PAULO AJUDA O MUSEU
Além disso, há a ajuda oferecida pela Associação Beneficente Maria e Tsu Hung Sieh (ABMTHS), de São Paulo, instituição que promove o potencial humano entre os mais necessitados do Brasil.
"Nós temos uma obra social aqui no prédio do museu que atende 35 crianças, cujo único requisito é ser matriculado na rede pública de ensino. E para esse projeto recebemos um apoio dessa instituição, controlada por uma empresa do ramo de tecidos, que paga o salário de duas professoras que acompanham essas crianças", disse Mônica.
O museu sempre concorre a editais de fomento a cultura em âmbito municipal, estadual e federal. Atualmente almeja receber incentivo do Ministério da Cultura por meio da Lei Rouanet.
O Museu Dom Avelar Brandão Vilela funciona de terça à sexta, das 9h às 12h, e das 13h30 às 17h; e aos sábados, das 9h às 12h. Lembrando que a entrada custa R$4,00 a inteira, e R$2,00 a meia. O instagram é @museudomavelar. E para quem deseja marcar visitas escolares ou coletivas, basta ligar para (86) 3223-6622.
Fachada do do prédio do Museu tem símbolo da Cruz de Santo André e da cruz do cristianismo
O museu faz campanha por doações para que possa manter o local e dar continuidade à obra deixada pelo Padre Maione, proporcionando espaço de cultura, estudos, turismo e de lazer para as famílias.
É uma visita que vale muito a pena ser feita. Um local que é pouco conhecido do grande público precisa ser muito enaltecido. O padre Pedro Maione, que faleceu em novembro do ano passado, aos 97 anos, participava ativamente do dia a dia do local, e deixou um legado de perseverança e de esperança aos mais vulneráveis.
"Se tivesse que morrer e nascer novamente, mil vezes faria a mesma coisa. Estou plenamente satisfeito, nunca voltaria atrás. Se voltasse atrás seria para fazer melhor", palavras do pároco ao relembrar fatos que marcaram a sua vida. Essas palavras provam o amor e o carinho do italiano pela obra. Portanto, desbrave o museu e sua riqueza.
SONHO DE UM PADRE JESUÍTA QUE VIROU REALIDADE
No ano de 1964, chegava à Teresina o padre Pedro Biondan Maione, jesuíta nascido em Verona, na Itália. Iniciou sua vida na capital, lecionando no colégio Diocesano.
Anos depois, já na década de 70, a convite do então arcebispo da cidade, dom Avelar Brandão Vilela, fundou a paróquia do bairro Cristo Rei, e consequentemente se tornou o primeiro padre dessa paróquia, na época que o atual bairro era uma localidade de quintas e sítios.
Já nesse início, o padre Pedro desejava disponibilizar cultura de forma gratuita, sobretudo aos mais carentes. Esse trabalho iniciou no Centro Social da Paróquia.
Entretanto, com a expansão do acervo, o padre decidiu construir um prédio para abrigar todas as peças que já possuía. Daí surgiu, no ano de 1990, o Museu Dom Avelar Brandão Vilela, nome dado em homenagem ao arcebispo. O sonho do padre jesuíta passava a se transformar em realidade.