Zé Roraima sobe ao palco do Theatro 4 de Setembro na próxima quinta-feira, 2 de dezembro, às 20h, para dar vida a Brasilianas - Zé Roraima, 40 Anos de Música. Álbum e DVD, marcos das quatro décadas de carreira do artista, serão gravados ao vivo, em clima de reencontro com o público, em um dos espaços culturais mais emblemáticos de Teresina. Acompanhado da banda Terê Groove, o músico fecha 2021 assinalando novas perspectivas e parcerias.
Regionalistas e à procura da essência, as 13 composições inéditas e autorais que Zé Roraima reúne em Brasilianas mergulham no Brasil profundo e bebem na fonte do xote, do frevo, do boi, do choro, do samba, do samba-rock e do xaxado. "Eu sou essa mistura e é essa sonoridade plural que me define", afirma.
Parte do repertório nasceu ou amadureceu musicalmente no período de pandemia. Talvez por isso, revele também um Zé Roraima mais atento ao que considera imprescindível: "o amor, a paz de espírito e as origens", garante ele. Assim, como essas virtudes são próprias das coisas mais simples da vida, o projeto também é despretensioso, despojado e singelo. Do cenário ao figurino. Da formação da banda ao enredo. Nessa espontaneidade é que está a riqueza do show. Nela, Zé Roraima mostra-se por inteiro e permite que o público descortine cada detalhe, como se abrisse as portas de si mesmo para a plateia adentrar.
As lembranças dos 40 anos de carreira vão tomando lugar por meio de projeções de fotos e vídeos que reacendem as cores e as saudades de lugares, pessoas e momentos que marcaram a trajetória do artista e, concomitantemente, da cultura piauiense. Elementos da folia de boi e a participação de bailarinos arrematam a festa com intervenções temáticas.
"Esse show é uma forma de retribuir ao Piauí pelo tanto que me deu ao longo dessas quatro décadas. Foi esse estado que me acolheu e que me oportunizou fazer música e viver de música. Que venham mais quarenta anos!", agradece Zé Roraima.
O projeto Brasilianas - Zé Roraima, 40 Anos de Música tem a promoção da Secretaria de Cultura do Piauí, por meio do Sistema de Incentivo Estadual à Cultura (Siec), e apoio do Armazém Paraíba.
RAPIDINHA COM O ZÉ RORAIMA
Quais momentos desses 40 anos você destaca como mais emblemáticos da sua trajetória musical?
Essa é uma pergunta desafiadora. Quando coloco essas quatro décadas em perspectiva, vejo que a música e a minha vida pessoal estão entrelaçadas. Diria que vivo de música, com música e para a música (risos). Mas, certamente, a fase da Banda Onix e dos primeiros trios elétricos do Piauí, lá no início dos anos 1990, foi muito especial. Mobilizávamos muita gente e acredito que nossos shows marcaram a juventude de uma galera. Em 1999, a gravação ao vivo do acústico Procura-se, ao lado do violinista Gomez de Matos, também fez história e foi o primeiro nesse estilo aqui no Estado. Mais recente, em 2015, o samba-rock ganhou espaço de vez no meu repertório, com o álbum Pra Levantar a Festa, e representou uma virada de chave importante. Mas quem conhece meu trabalho sabe que também não tem como deixar pra trás as lembranças de tantos carnavais, festas juninas e festivais. Sempre que estou com o público, são momentos especiais pra mim.
E, no meio do caminho, chega a pandemia. Como esse período impactou na sua carreira?
Logo depois do carnaval de 2020, com uma série de shows do projeto Carnaval de Verdade, em resgate a marchinhas, frevos e sambas, vieram as notícias de que o vírus tinha chegado aqui também. Todo mundo assustado, lockdown e a crise bateu na porta de vários setores. O meio artístico sofreu muito. Esse setor talvez tenha sido o primeiro a parar e, só agora, está retomando aos poucos. Assim como tantos profissionais, tive que me reinventar. Fiz gravação e edição de vídeo-aulas por meses. Foi meu ganha-pão. Nesse meio tempo, fiz minhas primeiras lives e me voltei mais para o digital e para a presença on-line. Fiz cursos, reestruturei meu posicionamento e, agora, tô de volta ao presencial. Não há nada que substitua esse relacionamento olho no olho com os fãs.
Como nasceu este novo projeto Brasilianas? O que as pessoas podem esperar deste show no Theatro 4 de Setembro?
Brasilianas é o nome de uma parceria minha com o jornalista e professor Paulo José Cunha. Uma mistura de crítica às mazelas do nosso país e de declaração de amor à nossa cultura e à nossa gente. É uma música forte e delicada ao mesmo tempo. E essa ideia resume bem este contexto intimista, de resgate às essências, mas também de posicionamento e resistência. Por isso, acabou batizando também o projeto. As outras músicas que estarão no show, no álbum e no DVD, que serão gravados ao vivo no Theatro, seguem esta pegada: falam do que vem de dentro. O 4 de Setembro é um espaço sagrado da arte piauiense e é sempre especial estar ali, com todos os cuidados que a Covid-19 ainda exige. Acredito que será um momento de reencontros, de saudades, mas também de olhar pra frente e de celebrar a vida e a arte. Afinal, somos todos sobreviventes e a música não pode parar. Posso garantir: quem for, não vai se arrepender!
FICHA TÉCNICA
Bebeto Teixeira - Bateria
Arnaldo Oliveira - Percussão
João Paulo Araújo - Baixo e Back vocal
Jean Medeiros - Guitarra
Rannyel Santos - Sax Tenor, Sax Alto e Soprano
Zé Roraima - Violão e Voz
Direção Musical: Zé Roraima e João Paulo Araújo
Fonte e fotos: Assessoria Zé Roraima